Em pouco mais de oito meses, utilizamos todos os
recursos naturais que o nosso planeta consegue regenerar durante o ano de 2013.
    O Dia da
Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day)
é a data aproximada em que a demanda anual da humanidade sobre a natureza
ultrapassa a capacidade de renovação possível do planeta no período de um ano.
     Para chegar a esse dia, a GFN faz o rastreamento do que a humanidade demanda em termos de recursos
ecológicos do planeta (tal como alimentos, matérias primas e absorção de gás
carbônico) — ou seja, a Pegada Ecológica – e compara com a capacidade de
reposição desses recursos pela natureza e de absorção de resíduos. Os dados da GFN demonstram que, em pouco mais de oito meses,
utilizamos todos os recursos naturais que o nosso planeta consegue regenerar
durante o ano de 2013.
     As mudanças climáticas -- decorrentes da emissão de
gases de efeito estufa em ritmo mais rápido do que sua absorção pelas florestas
e oceanos – são o maior impacto desse consumo excessivo.
      Em 1961, a humanidade
utilizou somente cerca de dois terços dos recursos ecológicos disponíveis no
planeta. Naquela época, a maior parte dos países possuía reservas ecológicas.
No entanto, a demanda global, assim como a população mundial, estão em
ascensão. No início da década de setenta (1970), o crescimento das emissões de
carbono e da demanda humana por recursos naturais começou a ultrapassar a
capacidade de produção renovável do planeta. Essa condição é conhecida como Ecological
overshoot. E entramos
no vermelho ecológico.
     A contabilidade da Pegada Nacional de 2012 feita
pela GFN demonstra que, no ritmo em que a humanidade utiliza os recursos e
serviços ecológicos hoje, precisaríamos de um planeta e meio (1,5) para
renová-los. Se continuarmos nesse ritmo, vamos precisar de dois planetas antes
de chegar à metade do século.
      Nem todos os países
demandam mais do que seus ecossistemas são capazes de prover. Mas até mesmo as
reservas de tais “credores ecológicos”, como o Brasil, diminuem com o tempo. O
Brasil possui a maior reserva ecológica; no entanto, ela diminui
constantemente. A Austrália também perde rapidamente sua reserva. À medida que
suas reservas se reduzem, Madagascar e Indonésia enfrentam enorme perda de
biodiversidade, o que também acontece em outros países apresentados no segundo
infográfico. Esse infográfico abaixo revela as reservas e as tendências de
Pegada Ecológica per capita. Não podemos mais manter essa discrepância
orçamentária que se alarga entre o que a natureza é capaz de prover e as
demandas de nossa infraestrutura, economia e estilo de vida.
     "A América Latina e, mais especificamente, a
América do Sul está numa posição única no contexto mundial, já que suas
reservas ecológicas ainda superam sua Pegada Ecológica na maior parte dessa
região”, afirma Juan Carlos Morales, Diretor Regional para a América Latina da
Global Footprint Network. "No entanto, esse padrão está mudando e agora,
mais do que nunca, os países da América do Sul precisam realmente compreender a
produção e o consumo e seus recursos naturais para continuarem competitivos na
nova economia,” concluiu Morales.
Pegada Ecológica:
     Com o objetivo de ampliar o
debate sobre o consumo e equilíbrio ambiental, o WWF-Brasil iniciou em 2010 um
trabalho pioneiro no Brasil, em parceria com a GFN, prefeitura de Campo Grande
(MS) e parceiros locais. Realizou o cálculo da Pegada Ecológica da capital sul-mato-grossense,
primeira cidade brasileira a fazer esse cálculo. Em 2011, realizou o cálculo
para o estado e para a capital São Paulo.
     De acordo com a Secretária Geral do WWF-Brasil,
Maria Cecília Wey de Brito, cidadãos e governos têm papel fundamental na
redução dos impactos do consumo sobre os recursos naturais do planeta.
"Políticas públicas voltadas para esse fim, como a oferta de um transporte
público de qualidade e menos poluente, construção de ciclovias, e o estímulo ao
consumo responsável, por exemplo, são essenciais para reduzir a Pegada
Ecológica. E este é um papel dos governos",  ressalta.  Já os
cidadãos, na opinião de Maria Cecília,  devem cobrar dos governos e dos
políticos a criação e aplicação de politicas deste tipo. "Mas enquanto
elas não existem, nós podemos fazer nossas escolhas lembrando que nosso planeta
é finito, como é a nossa conta no banco", salienta.
     Em Campo Grande, as ações de mitigação para ajudar
a reduzir a Pegada Ecológica estão em curso e o estudo de São Paulo, lançado em
2012, durante a Rio+20, ainda carece de uma ação concreta dos poderes estadual
e municipal.  "O cálculo traz informações importantes que ajudam no
planejamento da gestão ambiental das cidades com o direcionamento das políticas
públicas de forma a reduzir esses impactos" afirma o superintendente de
Conservação do WWF-Brasil, Michael Becker, responsável pela condução dos
estudos, pelo WWF-Brasil.
 Fonte: http://www.ecycle.com.br
 



 
 
