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29 de dezembro de 2017
7 de abril de 2013
PLANO DE AULA: CULINÁRIA BRASILEIRA - UMA LIÇÃO APETITOSA
Conteúdos
específicos: Expansão colonial
européia, culinária e cultura afro-brasileira.
Objetivos: Perceber o intercâmbio de espécies vegetais e animais nos domínios portugueses.
Ano: 8º e 9º anos
Objetivos: Perceber o intercâmbio de espécies vegetais e animais nos domínios portugueses.
Ano: 8º e 9º anos
Tempo
estimado: Duas aulas de 50 minutos
Desenvolvimento:
1ª aula
1 - Peça que os
estudantes citem algumas frutas tipicamente brasileiras. Entre os itens
mencionados por eles, provavelmente estarão bananas, mangas, jacas, cocos,
cajus e maracujás.
2 - Leitura e análise do texto (reportagem):
A invenção do Brasil
A história oficial nos fez acreditar que os portugueses, ao
desembarcar no Brasil, encontraram um Éden terrestre, pleno de florestas
intocadas, fauna abundante, praias paradisíacas. Um lugar onde bons selvagens
reinariam em plena sintonia com a natureza. Será mesmo? Hoje, mais de 500 anos
depois, a releitura científica das paisagens brasileiras derruba essa visão
mítica. A exuberância da mata Atlântica certamente deslumbrou os portugueses e,
depois deles, muitos outros europeus, viajantes acostumados às florestas temperadas
abertas e à vegetação de baixo porte do Mediterrâneo. Porém existem indícios de
que os ecossistemas já se encontravam muito alterados em 1500. A fauna buscava um
novo equilíbrio depois de uma extinção maciça e sofria os impactos da caça, de
queimadas e das alterações recentes em seu habitat E os primitivos povoadores
de bons selvagens talvez tivessem só o aspecto, se tanto, pois há mais de 10
mil anos exerciam pressões sobre a natureza e disputavam entre si seus
recursos, em guerras tão sangrentas quanto as do Velho Mundo, com vencedores e
subjugados, domínios e dominados.
Cerca de 2,5 mil anos antes da chegada dos portugueses, a maioria das terras do
Brasil ainda não estava nas mãos dos indígenas aqui encontrados no
Descobrimento. Seus ocupantes eram outros grupos humanos. E os antecessores
deles eram outros ainda, numa cadeia de sucessivas ocupações que nos faz supor
muitos conflitos. Em Taima-Taima, na Venezuela, há indícios da presença humana
há cerca de 15 mil anos. No Brasil, o sítio de Pedra Pintada, no Pará, indica
uma ocupação de 11,3 mil anos atrás. A Amazônia e a mata Atlântica só poderiam
ser consideradas intactas até antes da chegada dessas populações humanas. Com
elas, o espaço natural do Brasil passou a ser uma natureza humanizada, um
território social de pelo menos 10 mil anos.
É um paradoxo: a região aparentemente mais preservada do Brasil é aquela onde o
homem vive há mais tempo e de forma permanente. Há mais de 400 gerações, e para
alguns autores há mais de 2 mil, diversos grupos humanos ocupam, disputam,
exploram e transformam os territórios amazônicos. Os caçadores-coletores
nômades se espalharam na Amazônia desde o fim do Pleistoceno, estabelecendo sua
soberania sem contestação ou conflitos. Não havia nenhum povo para subjugar.
Apesar da aparente diluição dos humanos em meio às florestas, no auge dessa fase,
estima-se que existiam mais de 300 mil caçadores-coletores na Amazônia.
Ao longo dos milênios, esses povos transformaram as florestas e, de certa
forma, co-evoluíram. Seu conhecimento sobre os usos das plantas os levou a
favorecer algumas. Frutos coletados eram enterrados, escondidos e disseminados.
A distribuição e a densidade dos castanhais no Pará parece ter origem no
cuidadoso e permanente trabalho de seleção e disseminação dessa árvore. Não foi
um capricho da natureza que decidiu criar castanhais nesse estado.
Na chegada dos europeus, os territórios amazônicos já haviam sido conquistados
pelos movimentos de expansão dos povos tupis-guaranis, aruaques e caribes,
principalmente. No ano 1000,
a Amazônia atingira uma das maiores densidades
demográficas da época, com uma população que superava o milhão de habitantes,
com ampla diversidade étnica e cultural. A antropofagia marcava as endêmicas
guerras inter-étnicas. A maioria dos povos antecessores dos atuais indígenas
desapareceu diante dessa expansão, deixando muitos vestígios. Os sobreviventes
foram absorvidos, adotaram a língua e a cultura das populações dominantes - que
nunca constituíram um estado-nação, como ocorreu nos Andes. Hoje, os índios se
situam em territórios distantes dessas áreas de grande população e são muito
diferentes de seus antepassados de apenas 500 anos atrás.
Com a presença dos humanos, a paisagem brasileira foi apresentada a um novo
parceiro: o fogo. Seu uso sistemático para caçar favoreceu a extensão ou a
manutenção dos cerrados em detrimento de áreas florestais. O mecanismo é
simples. O fogo ateado pelos caçadores para acuar e dirigir a caça até
determinados locais de captura se propaga e queima a borda da floresta. Árvores
morrem, os capins progridem e proliferam no espaço aberto. Nos anos seguintes,
o processo segue. Mais árvores morrem. Blocos de florestas acabam isolados no
meio do cerrado e vão sumindo.
Um pequeno grupo humano, graças ao fogo, é capaz de influenciar uma área
enorme. O nomadismo dos caçadores-coletores espalhou esse fenômeno pelo Brasil.
A ampliação dos cerrados em detrimento das florestas ainda segue seu curso em
vários locais da Amazônia, promovido por culturas ameríndias bem posteriores,
como os índios tiryiós ou parecis - a palavra caiapó, por exemplo, significa
"que traz o fogo na mão" e designa uma tribo de índios incendiários.
Essas áreas abertas foram escolhidas pelos povoadores europeus como locais
privilegiados para a implantação de vilas e povoados. Seu aspecto permanece
gravado no nome de regiões e municípios, como Campos do Jordão, São Bernardo do
Campo, Campos de Piratininga (onde Nóbrega fundou São Paulo), São José dos
Campos, Campinas, Campina Grande e outras. E ainda os chamados campos limpos,
como Campo Limpo Paulista, Campo Limpo de Itararé, Capão Bonito e Capão
Redondo. Mais tarde, o uso do fogo foi adotado por pecuaristas do Brasil como
uma técnica eficiente para controlar carrapatos, limpar pastos, provocar uma
rebrota dos capins antes da chegada das chuvas. Persiste até hoje.
O fogo foi levado ao coração das florestas amazônica e atlântica pelos índios e
se tornou um eficiente instrumento da agricultura. No fim da estação seca, eles
derrubam a vegetação de uma faixa de floresta. Após a secagem natural, ateiam
fogo. As cinzas fertilizam os solos. A técnica tupi da coivara permitia ciclos
de culturas anuais, que se diversificaram ao longo dos séculos: milho,
amendoim, abóboras, carás, cabaças, mandioca, batata-doce. Nenhum instrumento
agrícola era requerido. O trabalho era totalmente manual.
Em áreas abandonadas, a regeneração seguia o curso natural: de cultura
abandonada para capoeira para floresta secundária para mata. É assim até hoje.
Mas o processo final de regeneração florestal é muito lento. Com o aumento das
populações indígenas e a evolução das técnicas agrícolas, as áreas cultivadas
se tornaram menos errantes. Na toponímia tupi, retomada de relatos do século
16, principalmente dos jesuítas, há raras menções de matas virgens ou primárias
em palavras como caaguassu (grandes florestas), caaobi (matos verdadeiros,
primitivos) e caxangá (mata extensa). Todavia, há uma enorme diversidade de
palavras retratando padrões de vegetação originados pelos desmatamentos, pelo
retalhamento das florestas e pelo uso do fogo. Muitos desses termos são nomes
de bairros e cidades no Brasil: caapuera ("roça que já foi", como no
paradoxal parque do Ibirá-puera), caucaia ("mato queimado" ou
"incêndio da mata"), catumbi ("beira da mata"), caatanduva
("mato ralo e áspero"), capitiba ("capinzal"), capixaba
("roçado preparado para plantio"), cairussu ("queimada",
incêndio), caité ("mato não crescido", em formação), cajuru
("entrada da mata").
Diferentemente do tardio povoamento da América do Norte, que evitou os
indígenas e as regiões costeiras, os portugueses se integraram aos aldeamentos
tribais. No litoral, os índios concentravam seus cultivos em manchas férteis
nos estuários de rios, terras de restinga e várzeas, podendo combinar coleta de
crustáceos em mangues com a agricultura, coleta de frutas com a caça. É nesses
locais que os portugueses, náufragos e povoadores, se instalaram. Aldeias não
faltavam.
Em 1508, Diogo Alvares Correia, o Caramuru, vivia como um verdadeiro chefe
indígena na baía de Todos os Santos - e de sua índia, Bartira. João Ramalho,
naufragado em 1510, vivia em São Paulo nas alturas dos Campos de Piratininga,
procriando com as índias. Desde 1526, os homens da expedição de Caboto haviam
se instalado na vizinhança de aldeias, uma feitoria em Pernambuco. Em 1527, o
navegador Diego Garcia já encontrou, vivendo no litoral paulista, náufragos
portugueses e espanhóis: uma dezena de casas, uma torre de defesa e uma ilhota
onde criavam porcos - por prudência, "para que não servissem de alimento
às onças nem escapassem pelos matos", conforme descreveu. Ao chegar em São
Vicente, em 22 de janeiro de 1532, é numa paisagem transformada que Martim
Afonso de Souza dá início ao povoamento europeu do Brasil.
No litoral, a densidade das populações indígenas era elevada. É estimada entre
4 e 5 habitantes por quilômetro quadrado e até de 9 por quilômetro quadrado.
Cada aldeia tupi continha de 400
a 600 habitantes e controlava áreas de 50 a 100 quilômetros
quadrados. Considerando a produtividade natural das terras, a simplicidade dos
sistemas de cultivo, as perdas naturais com saúvas e outros predadores, a área
cultivada por habitante devia exigir o desmate de 0,2 hectare de floresta
primária por pessoa por ano. Nessa hipótese, todo o domínio tupi estaria
sujeito à queimada e à técnica da coivara a cada 50 ou 60 anos. Segundo o
pesquisador Warren Dean, "no curso de um milênio de ocupação, (os tupis)
teriam queimado cada faixa pelo menos 19 vezes. Meio século representava um
intervalo adequado para propiciar as condições necessárias ao equilíbrio da
lavoura itinerante, mas não teria sido suficiente para restabelecer a floresta
costeira em sua complexidade e diversidade originais".
Existem indícios de que a fortificação e as disputas territoriais tenham criado
áreas de um uso mais intensificado e outras mais preservadas, no limite dos
territórios. A rede de "peabirus", os caminhos indígenas utilizados
pelos exploradores e catequizadores portugueses, circulava entre as áreas mais
ocupadas, marcadas por formações florestais secundárias.
Os peabirus percorriam e conectavam as áreas de distribuição natural de
psitacídeos, como papagaios, araras, jandaias e maracanãs, facilitando o acesso
e a caça dessas aves. Elas eram transportadas vivas, por distâncias enormes,
até o Pacífico, para servirem na confecção de cocares, tiaras, colares e outros
adornos. Os mantos andinos feitos de papos de beija-flores, guarás ou tucanos
atestam a intensidade da predação. Ainda hoje, a cultura indígena e suas
tradições em arte plumária exigem a caça de aves e é objeto de sérias
discussões entre indigenistas e ambientalistas.
Se, antes dos portugueses, a história das florestas foi marcada pela caça, pelo
uso do fogo e por desmatamentos, o povoamento europeu concentrou suas marcas em
territórios menores. Mais impactados, com erradicações definitivas da vegetação
natural, mas muito menores. A dramática redução das populações indígenas
diminuiu a pressão sobre a mata Atlântica e contribuiu para a sua regeneração
nos séculos 17 e 18, como há milênios não acontecia. A grande densidade de
pau-brasil em determinados locais do litoral seria o resultado - e mais uma
demonstração - da existência de matas secundárias, sintomáticas da degradação
anterior da mata Atlântica. A riqueza e a diversidade florística das florestas
preservadas não expõem a dominância de algumas espécies, como sucede nas
formações secundárias, onde ocorria o pau-brasil.
Na carta ao rei dom Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha em 1500, ele
afirma que ninguém era capaz de compreender a língua dos dois primeiros
indígenas subidos a bordo da nau capitânia. Os portugueses mostraram-lhes então
algumas coisas para ver suas reações. Diante do papagaio do capitão, não
manifestaram surpresa. Segurando a ave com a mão, pareceram indicar que
existiam muitas em suas terras. Um carneiro não lhes despertou a atenção, mas
uma galinha - possivelmente cacarejando e se debatendo - assustou-os a ponto de
fugirem do animal.
Na Terra de Santa Cruz, parecia não haver agricultura nem pecuária. Os índios
"não lavram, nem criam, nem há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha,
nem galinha, nem nenhum outro animal acostumado a viver com os homens". Na
carta está também o registro do desapontamento pela inexistência de bens
considerados essenciais. No início do século 16, não havia nada a esperar do
Brasil no que se referia a ouro e prata nem a produtos elaborados, como seda,
porcelanas, especiarias ou mesmo pérolas e corais.
Quanto às necessidades básicas de alimentação, saúde e vestimenta, a terra não
podia aguardar tanto pelas novidades. Durante séculos, os portugueses
introduziram em terras brasileiras tudo aquilo de que sentiam falta ou pensavam
ser de possível interesse. E também se casaram com índias e adotaram parte dos
hábitos alimentares e do estilo de vida das populações locais, diferentemente
do que ocorria na América do Norte. A introdução do cão doméstico foi talvez a
mais ampla e difundida "tecnologia européia" junto aos indígenas. De
guardiões de aldeias, sinalizando a aproximação de feras e inimigos, os cães se
revelaram grandes auxiliares na caça. Apreciados, passaram a integrar as
famílias, sendo aleitados nas mamas das índias como seus filhos.
Com as espécies trazidas pelos portugueses, Europa, África e Ásia passaram a
contribuir com a construção de uma nova paisagem brasileira. Um século e meio
mais tarde, nos campos e jardins das aldeias e povoados, encontravam-se lado a
lado plantas indígenas e uma infinidade de hortaliças, flores, árvores
frutíferas, cereais e legumes vindos de todo o planeta.
O processo de introdução de plantas exóticas começou na orla atlântica, com o
plantio de coqueirais provenientes do oceano Índico. Não existe, no Brasil, a
ocorrência de povoamentos naturais de coqueiros. A imagem dos coqueirais no
litoral nordestino está tão incorporada à visão cultural das praias brasileiras
que muitos tentam fazer do coqueiro uma árvore brasileira. Não é.
Uma boa fonte de informação sobre as mudanças dos hábitos culturais dos
colonizadores e das paisagens são os tratados de Pero de Magalhães Gândavo.
Esse cronista foi o autor de uma das primeiras histórias do Brasil. Originário
de Braga, Gândavo, após trabalhar na transcrição de documentos na Torre do
Tombo, em Lisboa, foi nomeado provedor da Fazenda na Bahia, onde ficou de 1565 a 1570, além de visitar
outras regiões do país. Nessa época, escreveu o Tratado da Província do
Brasil e o Tratado da Terra do Brasil.
Gândavo aponta mudanças culturais significativas dos portugueses, sobretudo no
dormir e no comer: "Nestas partes do Brasil não semeiam trigo nem se dá
outro mantimento algum deste Reino, o que lá se come em lugar de pão é farinha
de pão. Esta se faz da raiz duma planta que se chama mandioca, a qual é como
inhame. (...) Desta mesma mandioca fazem outra maneira de mantimentos, que se
chamam beijus, são mui alvos e mais grossos que obreias, destes usam muito os
moradores da terra porque são mais saborosos e de melhor digestão que a
farinha."
As frutas nativas já eram plantadas nos pomares e cultivadas em roças:
"Uma fruta se dá nesta terra do Brasil muito saborosa, e mais prezada de
quantas há. Cria-se numa planta humilde junto do chão, a qual tem umas pencas
como cardo, a fruta dela nasce como alcachofras e parecem naturalmente pinhas,
e são do mesmo tamanho, chamam-lhes ananases (...) Outra fruta se cria numas
árvores grandes (...) depois de madura é muito amarela: são como peros
repinaldos compridos, chamam-lhes cajus, têm muito sumo, e cria-se na ponta
desta fruta de fora um caroço como castanha, e nasce diante da mesma
fruta".
E havia também, as frutas e hortaliças, nativas e exóticas, já bem conhecidas
dos portugueses e nativos: "Algumas frutas deste Reino se dão nestas
partes, muitos melões, pepinos e figos de muitas castas, romãs, muitas
parreiras que dão uvas duas, três vezes no ano, e tanto que umas se acabam,
começam logo outras novamente. E desta maneira nunca está o Brasil sem frutas.
De limões e laranjas há muita infinidade".
A razão do sucesso dessas introduções transcontinentais de espécies foi de
natureza ecológica. Eram novas terras, semeadas por novas espécies. Transportadas
sem suas principais pragas e doenças, em geral na forma de frutas e sementes,
essas novas culturas - em que pese sua baixa diversidade genética devido ao
pequeno número de indivíduos na origem - vão crescer melhor no Brasil do que em
suas terras africanas, asiáticas e europeias Da mesma forma que o cacau, a
borracha e o abacaxi, originários das Américas, terão excelente desenvolvimento
ao serem introduzidos na África, na Ásia e na Oceania, livres de parte das
pragas e doenças que aqui os assolam.
Os portugueses promoveram o aumento da biodiversidade das terras brasileiras
com a introdução de muitas espécies vegetais: cana-de-açúcar, algodão, manga,
bananas, carambola, melão, melancia, arroz, feijão, trigo, aveia, uva, coco,
figo, fruta-pão, jaca, laranjas, limão, limas, tangerinas, tamarindo, café,
cravo, canela, pimenta-do-reino, caqui, biribá, gengibre, romã, inhame, amoras,
nozes, maçãs, peras, pêssegos, sapotis, pinhas, graviolas e uma infinidade de
hortaliças, ervas medicinais e tubérculos. Essas árvores e plantas exóticas
integram hoje a paisagem, os jardins, as cadeias produtivas e a culinária
nacionais.
A banana, um símbolo da nossa tropicalidade, é originária da Ásia - existem
espécies selvagens na Nova Guiné, Indonésia e Filipinas. A expansão do Islã
levou a fruta ao Mediterrâneo, de onde ela foi difundida na África. Nos séculos
15 e 16, os portugueses já mantinham bananais na ilha da Madeira e na costa
ocidental africana - berço da palavra "banana", hoje usada em muitas
línguas. Das ilhas São Tomé e Príncipe foram trazidas as primeiras mudas para o
Brasil, onde é hoje a segunda fruta mais produzida.
Os principais animais domésticos e de exploração pecuária dos brasileiros, até
hoje, são todos importados: cães, gatos, galinhas, patos, gansos,
bicho-da-seda, coelhos, bovinos, jumentos, burros, cavalos, ovinos e caprinos.
A introdução do gado levará à proliferação de rebanhos de gado selvagem e
também de onças e pumas. Existem descrições espantosas do caso feitas por
jesuítas, principalmente os padres Sepp e Montoya: "Os tigres que se criam
por aquelas terras são incontáveis, assim como o é a multidão de gado vacum
silvestre, que se acha a seu dispor".
Os achados biológicos do Brasil, de uso imediato, foram bem menores. Mas
revolucionaram a dieta alimentar dos povoadores, dos escravos africanos e de
outros povos. Portugueses e espanhóis levaram a outros continentes o milho, a
batata, o tomate, a mandioca, o cacau, o caju, o amendoim, o abacaxi e o
tabaco. A pimenta vermelha, domesticada pelos ameríndios há mais de 6 mil anos,
se espalhou pelo mundo. Está de tal forma associada à cozinha asiática que um
coreano, indiano ou tailandês não podem imaginá-la como sendo um condimento
exótico.
A batata mudou a alimentação dos europeus. Seu sucesso foi tamanho, a ponto de
mudar completamente os hábitos alimentares, principalmente nos países da Europa
do Norte. A chegada na Europa, no fim da década de 1840, de uma praga americana
da batata - um fungo - foi tão devastadora que causou a morte por inanição de
milhares de pessoas. Levou os irlandeses a migrarem em massa para os Estados
Unidos - ou seja, foi por causa da América Latina, da batata e de suas pragas
que os Kennedys terminaram por governar, um dia, aquele país. Assim como
trouxeram doenças, os ibéricos também levaram novas enfermidades da América e
dos índios à Europa e ao mundo, principalmente a sífilis.
Hoje, a dieta do brasileiro se baseia em feijão, arroz, saladas, ovos, frango,
macarrão, pão, biscoitos, carne bovina e suína. Todos produtos de origem
exótica, introduzidos pelos portugueses. Entre as frutas mais consumidas estão
laranjas e bananas, também introduzidas. Nas exportações brasileiras,
destacam-se vegetais e animais importados pelos povoadores ou pelo comércio que
estabeleceram e lhes sucedeu: açúcar, álcool, suco de laranja, algodão, café,
soja, carne bovina, suína e de frango. Todos exóticos.
Turistas têm o sentimento de usufruírem da vegetação tropical brasileira,
extasiados diante da "natureza". Na realidade, desfrutam de uma paisagem
criada pelo homem. Um exemplo é a narrativa do príncipe Maximiano de Wied
Neuwied. Ele esteve no Brasil de 1815
a 1817 e fez a seguinte descrição: "O europeu,
transplantado pela primeira vez para esse país equatorial, sente-se arrebatado
pela beleza das produções naturais. As mais belas árvores crescem em todos os
jardins; vêem-se aí mangueiras colossais, que dão uma sombra densa e um
excelente fruto, os coqueiros de estipe alto e esguio, as bananeiras (...) e
grande número de outras espalhadas por jardins. Esses soberbos vegetais tornam
os passeios agradáveis; os bosques, que formam, oferecem à admiração dos
estrangeiros..." Todos vegetais citados são exóticos. Estavam incorporados
de tal forma à paisagem que pareciam compor, naturalmente, a identidade do Rio
de Janeiro.
- Os alunos verificarão que apenas as duas últimas são nativas do nosso território. As bananeiras vieram da África, as mangueiras e jaqueiras, da Índia, e os coqueiros foram trazidos do litoral do Índico, depois de aclimatados nas ilhas de Cabo Verde. Paralelamente, muitos produtos americanos como milho, mandioca, tomate, tabaco, pimenta vermelha e cacau se difundiram pelo mundo. Encomende a elaboração de um mapa desse intercâmbio entre a América e os demais continentes, assinalando os principais produtos trazidos para cá e aqueles enviados para fora.
3 - Que tal propor um exercício de redação?
Destaque no texto a descrição que o cronista Pero de Magalhães Gandavo faz do
caju. A seguir divida a classe em três grupos e encarregue cada um deles de
escolher em segredo uma fruta e de descrevê-la, como se ela fosse vista pela
primeira vez. No final, pela descrição do grupo, os demais alunos devem
identificar a fruta selecionada.
4 - Sugira que os alunos comparem, com base nas informações da revista, a destruição ambiental realizada pelos indígenas antes da colonização e pelos descendentes de europeus, desde o século XVI. Faça-os perceber que a exploração do território pelos luso-brasileiros com vistas ao mercado externo intensificou a derrubada da mata no litoral nordestino, substituída pelos canaviais, e aprofundaram práticas nocivas já existentes como as queimadas.
4 - Sugira que os alunos comparem, com base nas informações da revista, a destruição ambiental realizada pelos indígenas antes da colonização e pelos descendentes de europeus, desde o século XVI. Faça-os perceber que a exploração do território pelos luso-brasileiros com vistas ao mercado externo intensificou a derrubada da mata no litoral nordestino, substituída pelos canaviais, e aprofundaram práticas nocivas já existentes como as queimadas.
2ª aula
1 - Solicite que os jovens leiam o quadro
"Brasileira naturalizada" deste plano de aula e executem a atividade
nele prevista. Vai ser fácil identificar a origem de alguns ingredientes, como
o azeite-de-dendê da cozinha baiana, proveniente da África. Outros vão exigir
pesquisas mais aprofundadas. Lembre que o intercâmbio sempre teve mão dupla.
Por exemplo, o caruru de Angola, além do quiabo e da abóbora de origem
africana, contém tomate e mandioca, vegetais americanos.
Brasileira naturalizada
Examine com seus colegas os ingredientes de uma feijoada bem brasileira. Vocês vão perceber que apenas a farinha de mandioca tem origem local. Depois, façam o mesmo com outros pratos da culinária nacional.
INGREDIENTES DA FEIJOADA
Laranja
Trazida de Portugal, incorporou-se à feijoada brasileira mas está ausente nos outros países que fazem o prato.
Trazida de Portugal, incorporou-se à feijoada brasileira mas está ausente nos outros países que fazem o prato.
Arroz
Cereal de origem indiana, foi difundido pelos árabes na Europa durante a Idade Média e chegou ao Brasil no primeiro século da colonização.
Cereal de origem indiana, foi difundido pelos árabes na Europa durante a Idade Média e chegou ao Brasil no primeiro século da colonização.
Couve
Legume vindo de Portugal, está presente em vários pratos nacionais, com destaque para os da cozinha mineira.
Legume vindo de Portugal, está presente em vários pratos nacionais, com destaque para os da cozinha mineira.
Carne de porco
Os porcos e outros animais de criação chegaram ao Brasil com os colonizadores. E logo foram incorporados ao cardápio nativo.
Carne-seca
Originária do Nordeste brasileiro era colocada para secar ao sol em grandes postas.
Feijão Trazido pelos lusitanos e popularizado por tropeiros, o feijão temperado com alho, toucinho e sal tornou-se a base da nossa cozinha.
Originária do Nordeste brasileiro era colocada para secar ao sol em grandes postas.
Feijão Trazido pelos lusitanos e popularizado por tropeiros, o feijão temperado com alho, toucinho e sal tornou-se a base da nossa cozinha.
Mandioca A farinha de mandioca chegou a ser chamada de pão da terra e é muito consumida até hoje. Constitui-se na principal contribuição indígena à culinária brasileira.
2 - Pergunte aos estudantes se algum deles já sentiu dificuldade para se adaptar a determinados pratos ou hábitos alimentares. Com base nas respostas, peça que examinem a seguinte questão: a imposição culinária seria uma forma de dominação? Ela continua existindo? Essa atividade pode ajudá-los a compreender melhor as dificuldades que enfrentaram, no Brasil, os africanos escravizados e os imigrantes europeus e asiáticos.
3 - Leve os alunos a refletir sobre a prática
cultural da alimentação. Coloque em discussão os seguintes itens: Quais são as
preferências de nosso paladar? Que tabus alimentares temos? Que influências
estariam determinando nosso cardápio e os rituais de alimentação? Qual é a
origem étnica dos nossos pratos? Que fatores geográficos e culturais
determinaram a eleição dos diferentes pratos típicos? Quais são as receitas
familiares utilizadas em nossas casas? Até que ponto a indústria e a mídia influenciam
nossas escolhas?
- Para orientar o debate, conte que, em termos da seleção dos alimentos, do preparo e dos temperos, a culinária nacional soma influências do índio, do português e do negro. No século XIX, quando imigrantes europeus de várias origens começaram a chegar ao Brasil, já existia um paladar bem brasileiro, desenvolvido a partir dessas três contribuições. O tropeiro, ao mesmo tempo comerciante e difusor cultural, teve um papel importante na manifestação desse sabor. Por onde passou com suas tropas de mulas, ele introduziu o gosto pelo feijão, temperado com alho, cebola, toucinho e sal, misturado com farinha de mandioca ou de milho. Assim, além de contribuir para a integração econômica das várias capitanias, o tropeiro representou o elemento unificador da dieta básica do século XVIII. Desse fundamento comum, surgiram as cozinhas regionais. Depois, no século XIX, ocorreram a europeização da culinária, com a vinda da corte lusa para o Brasil, e a difusão de novos hábitos trazidos pelos imigrantes. Hoje, os enlatados e o fast-food refletem a industrialização que muda as técnicas de cultivo, colheita, embalagem, conservação, distribuição e preparo dos alimentos.
4 - Como última atividade, encarregue a turma de
elaborar um mapa culinário brasileiro, destacando os principais itens da
cozinha de cada região e suas respectivas origens.
24 de fevereiro de 2013
7 de janeiro de 2013
RECEITA
Torta choconozes
Tempo 1h30
(+6h geladeira)
Rendimento 10 Porções
Dificuldade Fácil
Rendimento 10 Porções
Dificuldade Fácil
Ingredientes:
1 e 1/2 pacote de biscoito maisena
1/2 xícara (chá) de manteiga ou margarina
Creme:
1/2 xícara (chá) de manteiga ou margarina
Creme:
1 envelope de gelatina em pó incolor sem sabor
6 colheres (sopa) de leite
250g de chocolate meio amargo picado
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite gelado sem soro
1/2 xícara (chá) de nozes torradas e picadas (reserve algumas inteiras para decorar)
6 colheres (sopa) de leite
250g de chocolate meio amargo picado
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite gelado sem soro
1/2 xícara (chá) de nozes torradas e picadas (reserve algumas inteiras para decorar)
Modo de preparo:
Triture o biscoito no liquidificador e transfira para uma vasilha. Adicione a
manteiga e trabalhe com a ponta dos dedos até obter textura de farofa. Forre o
fundo e a lateral de uma fôrma de fundo removível de 30 cm de diâmetro
pressionando com as mãos. Leve ao forno médio, preaquecido, por 15 minutos ou
até dourar levemente. Polvilhe a gelatina no leite e deixe descansar por 5
minutos. Leve ao fogo baixo para dissolver, sem deixar ferver. Derreta o
chocolate em banho-maria ou no micro-ondas e bata no liquidificador com a
gelatina, o leite condensado e o creme de leite até homogeneizar. Misture as
nozes picadas e espalhe na fôrma alisando com uma espátula. Leve à geladeira
por 6 horas ou até firmar. Decore com as nozes reservadas, desenforme e sirva.
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