O caxinguelê (Sciurus aestuans), também chamado de serelepe, é uma espécie de esquilo florestal que mede cerca de vinte centímetros de comprimento. É endêmico da América do Sul, podendo ser encontrado no Brasil. É o único esquilo dos Pampas. Esses pequenos animais vivem sozinhos ou em pares e podem viver até quinze anos, atingindo a maturidade sexual com um ano de idade. A fêmea fica prenha uma vez por ano e tem de um a dois filhotes. Além das copas altas, o caxinguelê escolhe locais onde exista vegetação de idade avançada, para que haja ocos nas árvores, onde habitam, reproduzem-se, guardam os filhotes e estocam comida.
No Brasil, eles vivem em áreas de floresta da Amazônia e remanescentes da Mata Atlântica e, felizmente, não estão ameaçados de extinção.
Os incisivos são fortes, assim como os músculos das mandíbulas, o que lhes permite abrir sementes muito duras. Os indivíduos mais hábeis logo descobrem que a maneira mais eficiente de retirar a polpa de coquinhos, por exemplo, é fazendo um corte em triângulo, conforme conta o zoólogo Ivan Sazima, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): "Entre as cascas de coquinhos jerivá (Syagrus romanzoffiana) é comum verificarmos tanto cortes perfeitos, feitos pelos serelepes mais experientes, como as tentativas desajeitadas dos inexperientes".
Os frutos predados são facilmente encontrados no pé das palmeiras, que os esquilos escalam com grande facilidade. Essencialmente arborícolas, eles vivem nas copa das árvores, onde há vegetação de porte elevado e abundância de palmeiras, castanheiras ou, no sul do Brasil, araucárias. Têm grande facilidade para se movimentar pelos troncos e estão entre os raros animais capazes de descer de frente, na vertical, desafiando a gravidade com uma habilidade ímpar.
A base de sua alimentação é composta de frutos secos, bastante energéticos, como sementes de palmeiras e sapucaias. Na região Sul, seu alimento preferido são os pinhões de araucária. Eventualmente, pode comer também larvas de insetos e brotos de árvores.
Justamente por estocarem comida, os serelepes são considerados dispersores de sementes - animais que ao se alimentarem ajudam a espalhar as sementes na mata. Ao carregar as sementes para a sua toca, entre os galhos de árvores, às vezes elas caem e nem sempre ele está disposto ou pode voltar para procurá-las. Outras vezes, enterra as sementes, mas muda de território ou esquece onde as deixou. E pode ainda morrer, predado por um gavião, por exemplo, dando chance à semente de germinar.