20 de julho de 2012

VIDA SOCIAL NO MUNDO DOS INSETOS

CAIAÇÃO DE ÁRVORES

        Em princípios do século passado um general francês avançava com suas tropas sobre todos os países da Europa, até Moscou. Era um gênio militar e tendo que movimentar soldados à noite, para facilitar isso, mandou pintar de branco as árvores marginais das estradas.
Depois, enquanto não surgiram as poderosas lanternas dos veículos modernos, todos reconheciam as vantagens e praticavam a pintura branca com fins específicos e úteis: facilitar a locomoção à noite. Até hoje, mesmo com os faróis dos veículos, há curvas com rochedos perigosos que devem ser, excepcionalmente, pintados de branco.
     Mais tarde, provavelmente na Europa, que era relativamente atrasada no século passado, alguns prefeitos devem ter aproveitado a idéia da caiação para mostrar serviço, pintando as árvores de suas cidades. Costume que hoje, lá, não existe mais. Algum brasileiro imitador trouxe para o nosso país o negativo costume. Aqui, prefeitos de cidades grandes e pequenas, querendo dar demonstração de boa administração, correm para fazer este trabalho facílimo. Contratam três operários e, se a cidade for pequena, em pouco tempo deixam-na branquíssima. Com os prefeitos, cooperam os secretários de turismo. Geralmente o turismo é complementado na base da tinta branca.
       Alguns alegam que é para apresentar aspecto de limpeza. Só aspecto, porque limpeza só existe na natureza pura ou quando é praticada uma eficiente remoção do lixo. As árvores não são sujas.
          Os praticantes dessas pinturas revelam que o homem tem instinto de derrubar e submeter a Natureza. Na realidade, o que se quer é estabelecer a evidência do domínio do homem sobre a natureza, se está isolando as pessoas do ambiente natural. As árvores estarão só em cima, para nos fazer sombra, isto quando não forem podadas. Embaixo podemos circular sem vê-las. Apenas notaremos uns postes brancos.
Na realidade, muitas vezes, também temos que aceitar a interpretação de que a caiação do tronco das árvores sirva para encobrir a preguiça e a incompetência de administradores e capatazes. Incapazes de fazer serviços realmente necessários em suas cidades, com facilidade e rapidez, mostram o que parece ser uma boa obra aos incautos munícipes.
      Geralmente os pintores argumentam que a pintura serve para afugentar e matar formigas. Isso é contrário ao bom senso. A cal não tem efeito algum sobre os insetos, a não ser no momento em que o pincel está molhado, quando a formiga tem que esperar o secamento ou então morrer afogada.
      Entretanto se pode admitir que, em casos excepcionais, principalmente na infestação de pragas, é possível que uma borrifação de cal, com praguicidas, geralmente nas folhas, traga efeitos positivos e vantagens ao proprietário da árvore. Isso é outra coisa, mas os pintores vêm argumentando com o motivo das infestações, mas só pintam os troncos, e também as pedras das praças.


      Quando numa praça ou rua há espécies diferentes de árvores (figueiras, capororocas, eucaliptos, ligustros, tipuanas, jacarandás, flamboyants, extremosas, etc.), estando todas elas pintadas, as crianças e os adultos ignorantes não distinguirão uma espécie da outra. Na realidade, excelentíssimos senhores prefeitos e secretários de turismo demonstram que são pessoas alienadas da Natureza e estão procurando enfeitar as árvores, até mesmo sujando-as. Na realidade, eles querem artificializar as árvores. Estão praticando uma maldade com as árvores e com a conscientização das crianças.

         Reconhecemos que, praticamente, uma pintura a cal não traz maiores prejuízos à saúde das árvores. A poda é muito pior. Entretanto, no lugar pintado, morrem os liquens que porventura existam nas cascas das árvores. Se forem pintadas a óleo, haverá um asfixiamento que só não mata a árvore porque a pintura é parcial e não é permanente.
         A árvore é um ente vivo. Não é um móvel de madeira, nem um poste. Pintar uma árvore é tentar matá-la um pouco. É querer fazer esquecer que a árvore também é vida. Um dos exemplos mais gritantes e infelizes era o da nossa cidade lagunar de São Lourenço do Sul. Evidenciava-se ali o turismo da cal, não obstante a natureza privilegiada e porque sendo arborização com nativas, assim mesmo embelezam a cidade.
      Infelizmente este costume triste sem nenhuma justificação ou defesa, está difundido entre todos os ignorantes e insensíveis, e regularmente vemos o espetáculo deprimente nos lugares mais inesperados e impróprios. As pessoas conscientes que lerem este trabalho que nos ajudem, combatendo-o, condenando-o e até impedindo-o, pois a Ecologia, além de todas as poluições, ainda tem mais este problema a enfrentar.
Para finalizar, menciono as palavras do Prof. Luís Galvão, da UFM, publicadas no Correio Rural do Correio do Povo, 07-05-82. Ele diz que a arborização de certas cidades do Rio Grande do Sul parece caso patológico e que, olhando certas praças, o espetáculo chega a ser cômico. E explica o porquê, mencionando até a poda, mas no final (palavras dele) nos convida e diz: “Vamos nos sentar neste banco e refletir... Causa-nos estranheza e até espanto a constante utilização da caiação no terço inferior do tronco das árvores.
         Buscamos explicações lógicas para esse comportamento, mas não encontramos. Entendemos o calor da cor branca, sua luminosidade e inspiração, porém confirmamos o propósito de que a alteração de um elemento natural vivo não passa da mais crassa ignorância. Não se vestem meias colegiais em árvores, nem se transformam arenitos ou granitos em mármores alvos, especialmente na ocasião da visita de comandantes militares, governadores ou presidentes”.

 Augusto César Cunha Carneiro

4 de julho de 2012

AQUÍFERO GUARANI




     O Aqüífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo. Está localizado na região centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).

     Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    Esse reservatório de proporções gigantescas de água subterrânea é formado por derrames de basalto ocorridos nos Períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior (entre 200 e 132 milhões de anos).  É constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).

       A espessura total do aqüífero varia de valores superiores a 800 metros até a ausência completa de espessura em áreas internas da bacia. Considerando uma espessura média aqüífera de 250 metros e porosidade efetiva de 15%, estima-se que as reservas permanentes do aqüífero (água acumulada ao longo do tempo) sejam da ordem de 45.000 Km³.
      
     O Aqüífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. 

       Sua recarga natural anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 Km³/ano, sendo que desta, 40 Km³/ano constitui o potencial explotável sem riscos para o sistema aqüífero.  




     O aqüífero Guarani é talvez o maior manancial transfronteiriço de água doce subterrânea no planeta, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do Paraná até a Bacia do Chaco-Paraná. Está localizado no centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude Sul e 47º e 65º de longitude Oeste, subjacente a quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Tem extensão total aproximada de 1,2 milhões de km2, sendo 840 mil km2 no Brasil, 225,500 mil km2 na Argentina, 71,700 mil km2 no Paraguai e 58.500 km2 no Uruguai. A porção brasileira integra o território de oito Estados: MS (213.200 km2), RS (157.600 km2), SP (155.800 km2), PR (131.300 km2), GO (55.000 km2), MG (51.300 km2), SC (49.200 km2) e MT (26.400 km2). A população atual do domínio de ocorrência do aqüífero é estimada em 15 milhões de habitantes

       O termo aqüífero Guarani é uma denominação unificadora de diferentes formações geológicas que foi dada pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em homenagem à grande Nação Guarani, que habitava essa região nos primórdios do período colonial. O aqüífero foi inicialmente denominado de aqüífero gigante do Mercosul, por ocorrer nos quatro países participantes do referido acordo comercial (Araújo e tal.,1995).
       
     O aqüífero se constitui pelo preenchimento de espaços nas rochas (poros e fissuras), convencionalmente denominadas Guarani. As rochas do Guarani constituem-se de um pacote de camadas arenosas depositadas na bacia geológica do Paraná, entre 245 e 144 milhões de atrás. A espessura das camadas varia de 50 a 800 metros, estando situadas em profundidades que podem atingir até 1800 metros. Em decorrência do gradiente geotérmico, as águas do aqüífero podem atingir temperaturas relativamente elevadas, em geral entre 50 e 85ºC.
       O pacote camadas que constitui o aqüífero Guarani tem arquitetura arqueada para baixo como resultado da pressão das rochas sobrejacentes, como os espessos derrames de lavas basálticas oriundos da ativação de falhas, arcos regionais e soerguimento de bordas, ocorridos na bacia sedimentar do Paraná. As formações geológicas do Guarani congregam sedimentos fluvio-lacustres do período Triássico (245 - 208 milhões de anos): Formações Pirambóia e Rosário do Sul, no Brasil, e Buena Vista no Uruguai; sedimentos eólicos desérticos do período Jurássico (208 - 144 milhões de anos): Formações Botucatu, no Brasil; Misiones, no Paraguai; e Tacuarembó no Uruguai e Argentina (Rocha, 1997).
       
     As reservas permanentes de água do aqüífero são da ordem de 45.000 km3 (ou 45 trilhões de metros cúbicos), considerando uma espessura média aqüífera de 250m e porosidade efetiva de 15%. As reservas explotáveis correspondem à recarga natural (média plurianual) e foram calculadas em 166 km3/ano ou 5 mil m3/s, representando o potencial renovável de água que circula no aqüífero. A recarga natural ocorre por meio da infiltração direta das águas de chuva nas áreas de afloramento das rochas do Guarani; e de forma indireta, por filtração vertical (drenança) ao longo de descontinuidades das rochas do pacote confinante sobrejacente, nas áreas onde a carga piezométrica favorece os fluxos descendentes.
       
     Sob condições naturais, apenas uma parcela das reservas reguladoras é passível de explotação. Em geral, esta parcela é calculada entre 25% e 50% (Rebouças, 1992) das reservas reguladoras, respectivamente entre 40 a 80 km3/ano. Este volume pode aumentar dependendo da adoção de técnicas de desenvolvimento de aqüíferos disponíveis; contudo, os estudos deverão ser aprofundados para definir a taxa de explotação sustentável das reservas, uma vez que a soma das extrações com as descargas naturais do aqüífero para rios e oceano, não pode ser superior a sua recarga natural.
       
     A proteção contra os agentes de poluição que comumente afetam os mananciais de água na superfície, que decorre de mecanismos naturais de filtração e autodepuração bio-geoquímica que ocorrem no subsolo, resulta numa água de excelente qualidade. A qualidade da água e a possibilidade de captação nos próprios locais onde ocorrem as demandas fazem com que o aproveitamento das águas do aqüífero Guarani assuma características econômicas, sociais e políticas destacadas para abastecimento da população.
       
       Aspectos relativos ao desenvolvimento e uso das funções do aqüífero são ainda incipientes. O uso da energia termal de suas águas poderá resultar, eventualmente, em economia de energia de outras fontes e em processos de co-geração de energia elétrica. Atualmente, destaca-se o uso energético em balneários e indústrias agropecuárias.
      
     Um dos principais problemas existentes é o risco de deterioração do aqüífero em decorrência do aumento dos volumes explotados e do crescimento das fontes de poluição pontuais e difusas. Essa situação exige gerenciamento adequado por parte das esferas de governo federal, estadual e municipal sobre as condições de aproveitamento dos recursos do aqüífero.
       
          O Projeto Aqüífero Guarani visa contribuir para a superação da situação atual por meio da formulação de um modelo técnico, legal e institucional para a gestão dos recursos do aqüífero de forma coordenada pelo conjunto dos países e organismos envolvidos. 

POLUIÇÃO SONORA

A imagem diz tudo!