30 de abril de 2013

CURIOSIDADES




 Fonte: Revista Recreio

UM ANIMAL FASCINANTE E EU...



Essa belezura estava viva e muito dócil, como defesa ela só achatou-se dorso-ventralmente e errolava a ponta da cauda.
Visualmente, eu identifiquei como Micrurus altirostris (coral-verdadeira), mas ao verificar a dentição não visualizei a dentição proteróglifa (presas na frente). E fiquei em dúvida, mas ainda acho ser uma coral-verdadeira.  A dúvida me deixou frustrada de certa forma, sempre pensei que a identificação pelas presas seria muito fácil.
Se alguém puder opinar, aceito bem!!!!


Corrigindo...

É sim uma coral-verdadeira, após pesquisas e consulta com um especialista em Animais peçonhentos, cheguei a está conclusão. Descobri que a dentição proteróglifa das corais-verdadeiras é bastante sutil...



Micrurus altirostris (Cope, 1860)

Coral-verdadeira

 

Fonte: As informações abaixo apresentadas seguem basicamente a compilação apresentada em Borges-Martins et al. (2007).

Espécie peçonhenta de porte mediano, com corpo bastante delgado e cauda curta que atinge até 1300 mm de comprimento total. Ocorre no sul do Brasil, nordeste da Argentina e Uruguai (Campbell & Lamar, 2004). Possui hábito fossorial, habitando áreas abertas e áreas de mata (Campbell & Lamar, 2004), e atividade diurna. Alimenta-se de cobras-cegas (Amphisbaena spp.), serpentes e lagartos (Amaral, 1978; Cechin, 1999; Achaval & Olmos, 2003). É ovípara, havendo registros de desovas constituídas por um a sete ovos (Vaz-Ferreira et al., 1970). O comportamento defensivo da espécie consiste em erguer e enrolar a cauda, escondendo a cabeça sob o corpo. Os acidentes com esta espécie são muito raros, uma vez que geralmente não é agressiva, contudo pode morder quando molestada. No Rio Grande do Sul, apenas 0,1% dos acidentes ofídicos são causados por corais verdadeiras. Apresenta secreção extremamente tóxica, de ação neurotóxica, que pode causar acidentes muito graves e potencialmente letais se não tratados com soro antiofídico. A coloração dorsal e ventral avermelhada com anéis pretos e amarelos, torna a espécie de fácil reconhecimento. É interessante notar que, apesar de distribuída por quase todo Rio Grande do Sul, aparentemente não ocorre no litoral norte, ao sul de Tramandaí, na península de Mostardas e possivelmente também no litoral sul do Estado (ver mapa em Silva Jr. & Sites Jr., 1999). A ocorrência no litoral marinho parece estar restrita ao extremo norte do litoral, com registros conhecidos para Arroio do Sal e Torres.

Fonte: http://www.ufrgs.br/herpetologia/R%C3%A9pteis/Micrurus%20altirostris.htm

20 de abril de 2013

MELANOPHRYNISCUS ADMIRABILIS LUTANDO EM PROL DE SUA PRESERVAÇÃO E CONTRA A IGNORÂNCIA DE MUITOS

Nos últimos dias, temos acompanhado uma série de discussões sobre o 'atraso nas obras de uma hidrelétrica' por conta de um 'sapinho que cabe na palma da mão' e infelizmente a abordagem dada sempre coloca o pequeno anfíbio como vilão, quando na verdade seria justamente o contrário, a obra ameaçando o animal! 

Uma das reportagens mais comentadas foi a veiculada pelo site "Zero hora" (veja a reportagem aqui: http://tinyurl.com/bwtlcdp), que também comentou sobre outro sapo que emperrou outra obra e sobre o comentário do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a questão (veja o vídeo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Qzu-qrBQkPs).

Por conta disso, gostaríamos de divulgar essa Carta Eletrônica enviada ao "Zero hora".

Vale a pena parar para ler! 

"Carta eletrônica enviada a Zero Hora.

Caros editores e redatores da ZH,

É vergonhosa a postura da ZH perante o polêmico caso do licenciamento ambiental da PCH Perau de Janeiro e seu envolvimento com a espécie endêmica e ameaçada de sapo, Melanoprhyniscus admirabilis.
O texto foi construído de forma extremamente parcial, onde a posição técnico-científica, que possui amparo legal na constituição e na legislação ambiental brasileira, é reduzida a mera ideologia. Saibam que a conservação de uma espécie biológica é obrigatoriedade constitucional, sustentada por critérios científicos e éticos mundialmente reconhecidos. O Brasil peca por não reconhecer o valor de sua biodiversidade, a qual poderia estar aliada ao desenvolvimento e não impedindo-o, como frisa o texto de vocês. Os países desenvolvidos sabem muito bem desse ponto e a biopirataria ocorre desde sempre em nossas terras, com patentes de produtos de alto valor mundial (vide Captopril e o caso da Petunia exserta) sendo extraídos de nosso território. A biodiversidade é a grande riqueza nacional ainda não reconhecida.

Nosso modelo de desenvolvimento segue sendo o modelo colonial, onde somos o grande exportador de commodities (soja, minério de ferro, alumínio, celulose, etc), produtos sem grande valor agregado. Nessa lógica entram as obras do PAC, principalmente aquelas que constituem o setor energético. As empresas do setor eletrointensivo são as grandes consumidoras de energia elétrica em território nacional. As obras não estão a favor da população em geral. Os casos emblemáticos de Belo Monte e Pai Querê representam de forma quase caricatural essa situação.

Uma matéria que não menciona sequer um aspecto desse panorama maior e usa frases de tendência clara e alinhada com o empreendedor como "Animal raro emperra construção de usina no Vale do Taquari", "Um animal que cabe na palma da mão de uma criança ameaça a construção de uma hidrelétrica em Arvorezinha, no Vale do Taquari." e "Atrasada, a obra pode não avançar por colocar em risco de extinção do sapo que só existiria no Rio Grande do Sul." mostra claramente seu descompromisso com a verdade.

Pergunto-lhes:

- O animal emperra a construção de uma usina? Qual é o processo já estabelecido e qual é o interferente? A espécie existe há milhões de anos. A hidrelétrica é a novidade que deveria estar sendo contestada e repensada. Não só pelos problemas ambientais, mas sua proposta deveria ser alvo de um pensamento crítico mais criterioso. Para quem vai essa energia? Para quem serve esse investimento? Sabiam que a produção energética da usina (1,8 MW) é inferior a um ÚNICO aerogerador moderno (2 MW)?

- O tamanho do animal é proporcional à sua relevância ecológica? Essa é a ideia que o texto parece passar...

- A obra não está atrasada. A realidade é que a lei concebe a possibilidade de a obra NÃO SE CONCLUIR. Sim, isso é possível, de acordo com as leis de Licenciamento Ambiental.

Encerro reafirmando o imenso descontentamento do setor acadêmico e científico com a equipe de reportagem da ZH no tratamento dado a esse caso. Fica evidente a posição vergonhosa do veículo. A Zero Hora, mais uma vez, presta um desserviço à população, fornecendo conteúdo claramente tendencioso. Qualquer um com um mínimo conhecimento de psicologia de massas e retórica sabe reconhecer o mecanismo de uma estratégia de manipulação e devo afirmar que, nesse quesito, os senhores fizeram um bom trabalho."

Texto de Paulo Barradas

18 de abril de 2013

DIA DA TERRA - 22 DE ABRIL

Dia da Terra foi criado pelo senador americano Gaylord Nelson, no dia 22 de Abril de 1970.
Tem por finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.




História:
A primeira manifestação teve lugar em 22 de abril de 1970. Foi iniciada pelo senador Gaylord Nelson, ativista ambiental, para a criação de uma agenda ambiental. Para esta manifestação participaram duas mil universidades, dez mil escolas primárias e secundárias e centenas de comunidades. A pressão social teve seus sucessos e o governos dos Estados Unidos criaram a Agencia de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency) e uma série de leis destinadas à proteção do meio ambiente.
Em 1972 se celebrou a primeira conferência internacional sobre o meio ambiente: a Conferência de Estocolmo, cujo objetivo foi sensibilizar aos líderes mundiais sobre a magnitude dos problemas ambientais e que se instituíssem as políticas necessárias para erradicar-los.
O Dia da Terra é uma festa que pertence ao povo e não está regulara por somente uma entidade ou organismo, tampouco está relacionado com reivindicações políticas, nacionais, religiosas ou ideológicas.
O Dia da Terra refere-se à tomada de consciência dos recursos na naturais da Terra e seu manejo, à educação ambiental e à participação como cidadãos ambientalmente conscientes e responsáveis.
No Dia da Terra todos estamos convidados a participar em atividades que promovam a saúde do nosso planeta, tanto a nível global como regional e local.
"A Terra é nossa casa e a casa de todos os seres vivos. A Terra mesma está viva. Somos partes de um universo em evolução. Somos membros de uma comunidade de vida independente com uma magnífica diversidade de formas de vida e culturas. Nos sentimos humildes ante a beleza da Terra e compartilhamos uma reverência pela vida e as fontes do nosso ser..."
Surgiu como um movimento universitário, o Dia da Terra se converteu em um importante acontecimento educativo e informativo. Os grupos ecologistas o utilizam como ocasião para avaliar os problemas do meio ambiente do planeta: a contaminação do ar, água e solos, a destruição de ecossistemas, centenas de milhares de plantas e espécies animais dizimadas, e o esgotamento de recursos não renováveis. Utiliza-se este dia também para insistir em soluções que permitam eliminar os efeitos negativos das atividades humanas. Estas soluções incluem a reciclagem de materiais manufaturados, preservação de recursos naturais como o petróleo e a energia, a proibição de utilizar produtos químicos danosos, o fim da destruição de habitats fundamentais como as florestas tropicais e a proteção de espécies ameaçadas. Por esta razão é o Dia da Terra.
Este dia não é reconhecido pela ONU.


9 de abril de 2013

MEIO AMBIENTE E DOENÇAS INFECCIOSAS




ANIMAIS EM EXTINÇÃO - DIVERSAS











































ALGUMAS DOENÇAS E A IMPORTÂNCIA DAS VACINAS






BIODIVERSIDADE BRASILEIRA



    O Brasil é um país de proporções continentais: seus 8,5 milhões km² ocupam quase a metade da América do Sul e abarcam várias zonas climáticas – como o trópico úmido no Norte, o semi-árido no Nordeste e áreas temperadas no Sul. Evidentemente, estas diferenças climáticas levam a grandes variações ecológicas, formando zonas biogeográficas distintas ou biomas: a Floresta Amazônica, maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado de savanas e bosques; a Caatinga de florestas semi-áridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos.

   A variedade de biomas reflete a enorme riqueza da flora e da fauna brasileiras: o Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta. Esta abundante variedade de vida – que se traduz em mais de 20% do número total de espécies da Terra – eleva o Brasil ao posto de principal nação entre os 17 países megadiversos (ou de maior biodiversidade).

    Além disso, muitas das espécies brasileiras são endêmicas, e diversas espécies de plantas de importância econômica mundial – como o abacaxi, o amendoim, a castanha do Brasil (ou do Pará), a mandioca, o caju e a carnaúba – são originárias do Brasil.

    Mas não é só: o país abriga também uma rica sócio-biodiversidade, representada por mais de 200 povos indígenas e por diversas comunidades – como quilombolas, caiçaras e seringueiros, para citar alguns – que reúnem um inestimável acervo de conhecimentos tradicionais sobre a conservação da biodiversidade.

    Porém, apesar de toda esta riqueza em forma de conhecimentos e de espécies nativas, a maior parte das atividades econômicas nacionais se baseia em espécies exóticas: na agricultura, com cana-de-açúcar da Nova Guiné, café da Etiópia, arroz das Filipinas, soja e laranja da China, cacau do México e trigo asiático; na silvicultura, com eucaliptos da Austrália e pinheiros da América Central; na pecuária, com bovinos da Índia, equinos da Ásia e capins africanos; na piscicultura, com carpas da China e tilápias da África Oriental; e na apicultura, com variedades de abelha provenientes da Europa e da África.

    Este paradoxo traz à tona uma ideia premente: é fundamental que o Brasil intensifique as pesquisas em busca de um melhor aproveitamento da biodiversidade brasileira – ao mesmo tempo mantendo garantido o acesso aos recursos genéticos exóticos, também essenciais ao melhoramento da agricultura, da pecuária, da silvicultura e da piscicultura nacionais.

   Como se sabe, a biodiversidade ocupa lugar importantíssimo na economia nacional: o setor de agroindústria, sozinho, responde por cerca de 40% do PIB brasileiro (calculado em US$ 866 bilhões em 1997); o setor florestal, por sua vez, responde por 4%; e o setor pesqueiro, por 1%. Na agricultura, o Brasil possui exemplos de repercussão internacional sobre o desenvolvimento de biotecnologias que geram riquezas por meio do adequado emprego de componentes da biodiversidade.

    Produtos da biodiversidade respondem por 31% das exportações brasileiras, com destaque para o café, a soja e a laranja. As atividades de extrativismo florestal e pesqueiro empregam mais de três milhões de pessoas. A biomassa vegetal, incluindo o etanol da cana-de-açúcar, e a lenha e o carvão derivados de florestas nativas e plantadas respondem por 30% da matriz energética nacional – e em determinadas regiões, como o Nordeste, atendem a mais da metade da demanda energética industrial e residencial. Além disso, grande parte da população brasileira faz uso de plantas medicinais para tratar seus problemas de saúde.

    Por tudo isso, o valor da biodiversidade é incalculável.

    Sua redução compromete a sustentabilidade do meio ambiente, a disponibilidade de recursos naturais e, assim, a própria vida na Terra. Sua conservação e uso sustentável, ao contrário, resultam em incalculáveis benefícios à Humanidade.

    Neste contexto, como abrigo da mais exuberante biodiversidade do planeta, o Brasil reúne privilégios e enorme responsabilidade.


Mas o que é a Biodiversidade?


    A biodiversidade é a exuberância da vida na Terra – num ciclo aparentemente interminável de vida, morte e transformação.

   A biodiversidade é você; a biodiversidade é o mundo; você é o mundo. Seu corpo contém mais de 100 trilhões de células e está conectado ao planeta por um sistema complexo, infinito e quase insondável: você compartilha átomos com tudo o que existe no mundo ao seu redor.

   Estima-se que até 100 milhões de diferentes espécies vivas dividam este mundo com você (ainda que menos de 2 milhões sejam conhecidas): a biodiversidade abrange toda a variedade de espécies de flora, fauna e micro-organismos; as funções ecológicas desempenhadas por estes organismos nos ecossistemas; e as comunidades, habitats e ecossistemas formados por eles. É responsável pela estabilidade dos ecossistemas, pelos processos naturais e produtos fornecidos por eles e pelas espécies que modificam a biosfera. Assim, espécies, processos, sistemas e ecossistemas criam coletivamente as bases da vida na Terra: alimentos, água e oxigênio, além de medicamentos, combustíveis e um clima estável, entre tantos outros benefícios.

    O termo biodiversidade diz respeito também ao número de diferentes categorias biológicas (riqueza) da Terra e à abundância relativa destas categorias (equitabilidade), incluindo variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementaridade biológica entre habitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade).

    Por tudo isso, o valor da biodiversidade é incalculável. Apenas quanto ao seu valor econômico, por exemplo, os serviços ambientais que ela proporciona – enquanto base da indústria de biotecnologia e de atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais – são estimados em 33 trilhões de dólares anuais, representando quase o dobro do PIB mundial.

   Mas esta exuberante diversidade biológica global vem sendo dramaticamente afetada pelas atividades humanas ao longo do tempo – e hoje a perda de biodiversidade é um dos problemas mais contundentes a acometerem a Terra. A crescente taxa de extinção de espécies – que estima-se estar entre mil e 10 mil vezes maior que a natural – demonstra que o mundo natural não pode mais suportar tamanha pressão.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente

VOCÊ SABE QUANTAS ÁRVORES SÃO NECESSÁRIAS PARA FAZER PAPEL?


   


    
Com certeza, você já deve ter ouvido alguém fazer essa pergunta ou até mesmo você já tenha se perguntado sobre isso.

No Brasil, o papel para uso em impressão, embalagens e diversos outros produtos do nosso dia a dia, é produzido a partir de polpa de celulose, fabricada por meio de processos industriais cuja matéria-prima são as árvores. No País, 100% das árvores utilizadas para este tipo de produção vêm de plantios florestais, poupando, desta forma, nossas florestas nativas.

Mas você sabe o que são florestas nativas?

Florestas nativas são aquelas naturais de uma região, com características próprias e que englobam um ecossistema complexo e único. Esse tipo de floresta deve ser preservado, pois constitui a riqueza e biodiversidade.



Para evitar o uso das florestas nativas, uma das medidas é o plantio florestal, com espécies indicadas especificamente para os produtos que se quer obter. É como uma agricultura de árvores: assim como planta-se milho, arroz, feijão etc para consumo, estas árvores são plantadas com o propósito de gerar produtos para nosso dia a dia.

No Brasil, as árvores mais utilizadas para produção de papel são o eucalipto (originário da Austrália) e o pinus (da América do Norte). Essas árvores são de crescimento rápido e o Brasil é hoje um dos líderes mundiais na produção de papel e celulose.

Essa é a grande vantagem das florestas plantadas - servem como substitutas das florestas nativas e suas árvores tem um ciclo rápido de vida.


7 de abril de 2013

CAMPANHA BRASILEIRA "XIXI NO BANHO" INSPIRA HOLANDA

Já famosa no Brasil, a campanha Xixi no Banho, lançada em 2009 pela Fundação SOS Mata Atlântica com a intenção de mostrar as pessoas o quanto elas podem economizar água ao adotar o hábito de fazer xixi durante o banho, repercutiu na Holanda. 

Inspirado pela iniciativa brasileira, o vereador Bert Wassink, da província de Drenthe, sugeriu que os holandeses adotassem a prática para economizar água. Segundo ele, o desperdício no país está alarmante: por dia, cada cidadão gasta, em média, 39 litros do recurso no banho e outros 36 dando descarga. A ONU recomenda que cada pessoa use, por dia, no máximo, 50 litros para todas as atividades de higiene e bem-estar. 

A ideia gerou estranheza na população da Holanda, mas Wassink segue determinado disseminando a prática do xixi no banho e, inclusive, virou notícia em um dos jornais do país por sua sugestão, considerada inusitada. 

Assista, abaixo, ao vídeo da campanha Xixi no Banho e confira, também, o site da iniciativa, que revela, de forma divertida, que ao adotar o hábito de fazer xixi uma vez por dia, embaixo do chuveiro, cada pessoa pode economizar mais de quatro mil litros de água por ano.


SAPOS SÃO SERES INOFENSIVOS E MUITO FOFOS!!!


Essa foto é para desmitificar as histórias que cresci ouvindo e que ainda ouço sobre sapos.

# Eles não esguicham veneno, o par de glândulas paratóides (produtoras de toxina) ficam atrás dos olhos e só liberam o "veneno" se forem pressionadas.
# Eles não urinam veneno e sim "xixi" mesmo. O seu xixi é venenoso?
# A pele deles não é venenosa, apenas "geladinha " e rugosa.
# Eles não dão "cobreiro" ou alergias.
# Eles não mordem nem arranham.

Sapos são anfíbios inofensivos, que tem fundamental importância no equilíbrio dos ecossistemas, devido à seu papel nas cadeias alimentares. Ele controla o tamanho das populações de insetos e outros pequenos invertebrados.

Sapos respiram por pulmões pouco desenvolvidos e através da pele (respiração cutânea), necessitam de água para reprodução e dependem de ambientes úmidos e sombrios para sua sobrevivência, já que são bastante suscetíveis à desidratação.

Não ponha sal ou álcool sobre os sapos, eles poderão morrer desidratados ou sofrer graves queimaduras. Isso é crueldade!

Não mate os sapos! Você prefere ter um sapo inofensivo no seu quintal ou diversos insetos transmissores de doenças dentro de sua casa?

Ensine seus cães e gatos a conviverem com sapos, a fim de que não desfiram mordidas e ataques sobre ele.

Ignorância é o desconhecimento de alguma coisa. Ignorância gera medo, e o medo gera atitudes irracionais. Não seja ignorante! Preserve os sapos, rãs e pererecas!

PLANO DE AULA: CULINÁRIA BRASILEIRA - UMA LIÇÃO APETITOSA


Conteúdos específicos: Expansão colonial européia, culinária e cultura afro-brasileira.

Objetivos: Perceber o intercâmbio de espécies vegetais e animais nos domínios portugueses.

Ano:
8º e 9º anos

Tempo estimado: Duas aulas de 50 minutos


Desenvolvimento:

1ª aula 

1 - Peça que os estudantes citem algumas frutas tipicamente brasileiras. Entre os itens mencionados por eles, provavelmente estarão bananas, mangas, jacas, cocos, cajus e maracujás. 

2 - Leitura e análise do texto (reportagem): 

A invenção do Brasil

       A história oficial nos fez acreditar que os portugueses, ao desembarcar no Brasil, encontraram um Éden terrestre, pleno de florestas intocadas, fauna abundante, praias paradisíacas. Um lugar onde bons selvagens reinariam em plena sintonia com a natureza. Será mesmo? Hoje, mais de 500 anos depois, a releitura científica das paisagens brasileiras derruba essa visão mítica. A exuberância da mata Atlântica certamente deslumbrou os portugueses e, depois deles, muitos outros europeus, viajantes acostumados às florestas temperadas abertas e à vegetação de baixo porte do Mediterrâneo. Porém existem indícios de que os ecossistemas já se encontravam muito alterados em 1500. A fauna buscava um novo equilíbrio depois de uma extinção maciça e sofria os impactos da caça, de queimadas e das alterações recentes em seu habitat  E os primitivos povoadores de bons selvagens talvez tivessem só o aspecto, se tanto, pois há mais de 10 mil anos exerciam pressões sobre a natureza e disputavam entre si seus recursos, em guerras tão sangrentas quanto as do Velho Mundo, com vencedores e subjugados, domínios e dominados. 

     Cerca de 2,5 mil anos antes da chegada dos portugueses, a maioria das terras do Brasil ainda não estava nas mãos dos indígenas aqui encontrados no Descobrimento. Seus ocupantes eram outros grupos humanos. E os antecessores deles eram outros ainda, numa cadeia de sucessivas ocupações que nos faz supor muitos conflitos. Em Taima-Taima, na Venezuela, há indícios da presença humana há cerca de 15 mil anos. No Brasil, o sítio de Pedra Pintada, no Pará, indica uma ocupação de 11,3 mil anos atrás. A Amazônia e a mata Atlântica só poderiam ser consideradas intactas até antes da chegada dessas populações humanas. Com elas, o espaço natural do Brasil passou a ser uma natureza humanizada, um território social de pelo menos 10 mil anos.

     É um paradoxo: a região aparentemente mais preservada do Brasil é aquela onde o homem vive há mais tempo e de forma permanente. Há mais de 400 gerações, e para alguns autores há mais de 2 mil, diversos grupos humanos ocupam, disputam, exploram e transformam os territórios amazônicos. Os caçadores-coletores nômades se espalharam na Amazônia desde o fim do Pleistoceno, estabelecendo sua soberania sem contestação ou conflitos. Não havia nenhum povo para subjugar. Apesar da aparente diluição dos humanos em meio às florestas, no auge dessa fase, estima-se que existiam mais de 300 mil caçadores-coletores na Amazônia.

     Ao longo dos milênios, esses povos transformaram as florestas e, de certa forma, co-evoluíram. Seu conhecimento sobre os usos das plantas os levou a favorecer algumas. Frutos coletados eram enterrados, escondidos e disseminados. A distribuição e a densidade dos castanhais no Pará parece ter origem no cuidadoso e permanente trabalho de seleção e disseminação dessa árvore. Não foi um capricho da natureza que decidiu criar castanhais nesse estado.

     Na chegada dos europeus, os territórios amazônicos já haviam sido conquistados pelos movimentos de expansão dos povos tupis-guaranis, aruaques e caribes, principalmente. No ano 1000, a Amazônia atingira uma das maiores densidades demográficas da época, com uma população que superava o milhão de habitantes, com ampla diversidade étnica e cultural. A antropofagia marcava as endêmicas guerras inter-étnicas. A maioria dos povos antecessores dos atuais indígenas desapareceu diante dessa expansão, deixando muitos vestígios. Os sobreviventes foram absorvidos, adotaram a língua e a cultura das populações dominantes - que nunca constituíram um estado-nação, como ocorreu nos Andes. Hoje, os índios se situam em territórios distantes dessas áreas de grande população e são muito diferentes de seus antepassados de apenas 500 anos atrás.

     Com a presença dos humanos, a paisagem brasileira foi apresentada a um novo parceiro: o fogo. Seu uso sistemático para caçar favoreceu a extensão ou a manutenção dos cerrados em detrimento de áreas florestais. O mecanismo é simples. O fogo ateado pelos caçadores para acuar e dirigir a caça até determinados locais de captura se propaga e queima a borda da floresta. Árvores morrem, os capins progridem e proliferam no espaço aberto. Nos anos seguintes, o processo segue. Mais árvores morrem. Blocos de florestas acabam isolados no meio do cerrado e vão sumindo.

     Um pequeno grupo humano, graças ao fogo, é capaz de influenciar uma área enorme. O nomadismo dos caçadores-coletores espalhou esse fenômeno pelo Brasil. A ampliação dos cerrados em detrimento das florestas ainda segue seu curso em vários locais da Amazônia, promovido por culturas ameríndias bem posteriores, como os índios tiryiós ou parecis - a palavra caiapó, por exemplo, significa "que traz o fogo na mão" e designa uma tribo de índios incendiários.

     Essas áreas abertas foram escolhidas pelos povoadores europeus como locais privilegiados para a implantação de vilas e povoados. Seu aspecto permanece gravado no nome de regiões e municípios, como Campos do Jordão, São Bernardo do Campo, Campos de Piratininga (onde Nóbrega fundou São Paulo), São José dos Campos, Campinas, Campina Grande e outras. E ainda os chamados campos limpos, como Campo Limpo Paulista, Campo Limpo de Itararé, Capão Bonito e Capão Redondo. Mais tarde, o uso do fogo foi adotado por pecuaristas do Brasil como uma técnica eficiente para controlar carrapatos, limpar pastos, provocar uma rebrota dos capins antes da chegada das chuvas. Persiste até hoje.

     O fogo foi levado ao coração das florestas amazônica e atlântica pelos índios e se tornou um eficiente instrumento da agricultura. No fim da estação seca, eles derrubam a vegetação de uma faixa de floresta. Após a secagem natural, ateiam fogo. As cinzas fertilizam os solos. A técnica tupi da coivara permitia ciclos de culturas anuais, que se diversificaram ao longo dos séculos: milho, amendoim, abóboras, carás, cabaças, mandioca, batata-doce. Nenhum instrumento agrícola era requerido. O trabalho era totalmente manual.

     Em áreas abandonadas, a regeneração seguia o curso natural: de cultura abandonada para capoeira para floresta secundária para mata. É assim até hoje. Mas o processo final de regeneração florestal é muito lento. Com o aumento das populações indígenas e a evolução das técnicas agrícolas, as áreas cultivadas se tornaram menos errantes. Na toponímia tupi, retomada de relatos do século 16, principalmente dos jesuítas, há raras menções de matas virgens ou primárias em palavras como caaguassu (grandes florestas), caaobi (matos verdadeiros, primitivos) e caxangá (mata extensa). Todavia, há uma enorme diversidade de palavras retratando padrões de vegetação originados pelos desmatamentos, pelo retalhamento das florestas e pelo uso do fogo. Muitos desses termos são nomes de bairros e cidades no Brasil: caapuera ("roça que já foi", como no paradoxal parque do Ibirá-puera), caucaia ("mato queimado" ou "incêndio da mata"), catumbi ("beira da mata"), caatanduva ("mato ralo e áspero"), capitiba ("capinzal"), capixaba ("roçado preparado para plantio"), cairussu ("queimada", incêndio), caité ("mato não crescido", em formação), cajuru ("entrada da mata").

    Diferentemente do tardio povoamento da América do Norte, que evitou os indígenas e as regiões costeiras, os portugueses se integraram aos aldeamentos tribais. No litoral, os índios concentravam seus cultivos em manchas férteis nos estuários de rios, terras de restinga e várzeas, podendo combinar coleta de crustáceos em mangues com a agricultura, coleta de frutas com a caça. É nesses locais que os portugueses, náufragos e povoadores, se instalaram. Aldeias não faltavam.

     Em 1508, Diogo Alvares Correia, o Caramuru, vivia como um verdadeiro chefe indígena na baía de Todos os Santos - e de sua índia, Bartira. João Ramalho, naufragado em 1510, vivia em São Paulo nas alturas dos Campos de Piratininga, procriando com as índias. Desde 1526, os homens da expedição de Caboto haviam se instalado na vizinhança de aldeias, uma feitoria em Pernambuco. Em 1527, o navegador Diego Garcia já encontrou, vivendo no litoral paulista, náufragos portugueses e espanhóis: uma dezena de casas, uma torre de defesa e uma ilhota onde criavam porcos - por prudência, "para que não servissem de alimento às onças nem escapassem pelos matos", conforme descreveu. Ao chegar em São Vicente, em 22 de janeiro de 1532, é numa paisagem transformada que Martim Afonso de Souza dá início ao povoamento europeu do Brasil.

     No litoral, a densidade das populações indígenas era elevada. É estimada entre 4 e 5 habitantes por quilômetro quadrado e até de 9 por quilômetro quadrado. Cada aldeia tupi continha de 400 a 600 habitantes e controlava áreas de 50 a 100 quilômetros quadrados. Considerando a produtividade natural das terras, a simplicidade dos sistemas de cultivo, as perdas naturais com saúvas e outros predadores, a área cultivada por habitante devia exigir o desmate de 0,2 hectare de floresta primária por pessoa por ano. Nessa hipótese, todo o domínio tupi estaria sujeito à queimada e à técnica da coivara a cada 50 ou 60 anos. Segundo o pesquisador Warren Dean, "no curso de um milênio de ocupação, (os tupis) teriam queimado cada faixa pelo menos 19 vezes. Meio século representava um intervalo adequado para propiciar as condições necessárias ao equilíbrio da lavoura itinerante, mas não teria sido suficiente para restabelecer a floresta costeira em sua complexidade e diversidade originais".

     Existem indícios de que a fortificação e as disputas territoriais tenham criado áreas de um uso mais intensificado e outras mais preservadas, no limite dos territórios. A rede de "peabirus", os caminhos indígenas utilizados pelos exploradores e catequizadores portugueses, circulava entre as áreas mais ocupadas, marcadas por formações florestais secundárias.

     Os peabirus percorriam e conectavam as áreas de distribuição natural de psitacídeos, como papagaios, araras, jandaias e maracanãs, facilitando o acesso e a caça dessas aves. Elas eram transportadas vivas, por distâncias enormes, até o Pacífico, para servirem na confecção de cocares, tiaras, colares e outros adornos. Os mantos andinos feitos de papos de beija-flores, guarás ou tucanos atestam a intensidade da predação. Ainda hoje, a cultura indígena e suas tradições em arte plumária exigem a caça de aves e é objeto de sérias discussões entre indigenistas e ambientalistas.

    Se, antes dos portugueses, a história das florestas foi marcada pela caça, pelo uso do fogo e por desmatamentos, o povoamento europeu concentrou suas marcas em territórios menores. Mais impactados, com erradicações definitivas da vegetação natural, mas muito menores. A dramática redução das populações indígenas diminuiu a pressão sobre a mata Atlântica e contribuiu para a sua regeneração nos séculos 17 e 18, como há milênios não acontecia. A grande densidade de pau-brasil em determinados locais do litoral seria o resultado - e mais uma demonstração - da existência de matas secundárias, sintomáticas da degradação anterior da mata Atlântica. A riqueza e a diversidade florística das florestas preservadas não expõem a dominância de algumas espécies, como sucede nas formações secundárias, onde ocorria o pau-brasil.

     Na carta ao rei dom Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha em 1500, ele afirma que ninguém era capaz de compreender a língua dos dois primeiros indígenas subidos a bordo da nau capitânia. Os portugueses mostraram-lhes então algumas coisas para ver suas reações. Diante do papagaio do capitão, não manifestaram surpresa. Segurando a ave com a mão, pareceram indicar que existiam muitas em suas terras. Um carneiro não lhes despertou a atenção, mas uma galinha - possivelmente cacarejando e se debatendo - assustou-os a ponto de fugirem do animal.

    Na Terra de Santa Cruz, parecia não haver agricultura nem pecuária. Os índios "não lavram, nem criam, nem há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem nenhum outro animal acostumado a viver com os homens". Na carta está também o registro do desapontamento pela inexistência de bens considerados essenciais. No início do século 16, não havia nada a esperar do Brasil no que se referia a ouro e prata nem a produtos elaborados, como seda, porcelanas, especiarias ou mesmo pérolas e corais.

    Quanto às necessidades básicas de alimentação, saúde e vestimenta, a terra não podia aguardar tanto pelas novidades. Durante séculos, os portugueses introduziram em terras brasileiras tudo aquilo de que sentiam falta ou pensavam ser de possível interesse. E também se casaram com índias e adotaram parte dos hábitos alimentares e do estilo de vida das populações locais, diferentemente do que ocorria na América do Norte. A introdução do cão doméstico foi talvez a mais ampla e difundida "tecnologia européia" junto aos indígenas. De guardiões de aldeias, sinalizando a aproximação de feras e inimigos, os cães se revelaram grandes auxiliares na caça. Apreciados, passaram a integrar as famílias, sendo aleitados nas mamas das índias como seus filhos.

    Com as espécies trazidas pelos portugueses, Europa, África e Ásia passaram a contribuir com a construção de uma nova paisagem brasileira. Um século e meio mais tarde, nos campos e jardins das aldeias e povoados, encontravam-se lado a lado plantas indígenas e uma infinidade de hortaliças, flores, árvores frutíferas, cereais e legumes vindos de todo o planeta.

     O processo de introdução de plantas exóticas começou na orla atlântica, com o plantio de coqueirais provenientes do oceano Índico. Não existe, no Brasil, a ocorrência de povoamentos naturais de coqueiros. A imagem dos coqueirais no litoral nordestino está tão incorporada à visão cultural das praias brasileiras que muitos tentam fazer do coqueiro uma árvore brasileira. Não é.

    Uma boa fonte de informação sobre as mudanças dos hábitos culturais dos colonizadores e das paisagens são os tratados de Pero de Magalhães Gândavo. Esse cronista foi o autor de uma das primeiras histórias do Brasil. Originário de Braga, Gândavo, após trabalhar na transcrição de documentos na Torre do Tombo, em Lisboa, foi nomeado provedor da Fazenda na Bahia, onde ficou de 1565 a 1570, além de visitar outras regiões do país. Nessa época, escreveu o Tratado da Província do Brasil e o Tratado da Terra do Brasil.

    Gândavo aponta mudanças culturais significativas dos portugueses, sobretudo no dormir e no comer: "Nestas partes do Brasil não semeiam trigo nem se dá outro mantimento algum deste Reino, o que lá se come em lugar de pão é farinha de pão. Esta se faz da raiz duma planta que se chama mandioca, a qual é como inhame. (...) Desta mesma mandioca fazem outra maneira de mantimentos, que se chamam beijus, são mui alvos e mais grossos que obreias, destes usam muito os moradores da terra porque são mais saborosos e de melhor digestão que a farinha."

      As frutas nativas já eram plantadas nos pomares e cultivadas em roças: "Uma fruta se dá nesta terra do Brasil muito saborosa, e mais prezada de quantas há. Cria-se numa planta humilde junto do chão, a qual tem umas pencas como cardo, a fruta dela nasce como alcachofras e parecem naturalmente pinhas, e são do mesmo tamanho, chamam-lhes ananases (...) Outra fruta se cria numas árvores grandes (...) depois de madura é muito amarela: são como peros repinaldos compridos, chamam-lhes cajus, têm muito sumo, e cria-se na ponta desta fruta de fora um caroço como castanha, e nasce diante da mesma fruta".

     E havia também, as frutas e hortaliças, nativas e exóticas, já bem conhecidas dos portugueses e nativos: "Algumas frutas deste Reino se dão nestas partes, muitos melões, pepinos e figos de muitas castas, romãs, muitas parreiras que dão uvas duas, três vezes no ano, e tanto que umas se acabam, começam logo outras novamente. E desta maneira nunca está o Brasil sem frutas. De limões e laranjas há muita infinidade".

     A razão do sucesso dessas introduções transcontinentais de espécies foi de natureza ecológica. Eram novas terras, semeadas por novas espécies. Transportadas sem suas principais pragas e doenças, em geral na forma de frutas e sementes, essas novas culturas - em que pese sua baixa diversidade genética devido ao pequeno número de indivíduos na origem - vão crescer melhor no Brasil do que em suas terras africanas, asiáticas e europeias  Da mesma forma que o cacau, a borracha e o abacaxi, originários das Américas, terão excelente desenvolvimento ao serem introduzidos na África, na Ásia e na Oceania, livres de parte das pragas e doenças que aqui os assolam.

     Os portugueses promoveram o aumento da biodiversidade das terras brasileiras com a introdução de muitas espécies vegetais: cana-de-açúcar, algodão, manga, bananas, carambola, melão, melancia, arroz, feijão, trigo, aveia, uva, coco, figo, fruta-pão, jaca, laranjas, limão, limas, tangerinas, tamarindo, café, cravo, canela, pimenta-do-reino, caqui, biribá, gengibre, romã, inhame, amoras, nozes, maçãs, peras, pêssegos, sapotis, pinhas, graviolas e uma infinidade de hortaliças, ervas medicinais e tubérculos. Essas árvores e plantas exóticas integram hoje a paisagem, os jardins, as cadeias produtivas e a culinária nacionais.

     A banana, um símbolo da nossa tropicalidade, é originária da Ásia - existem espécies selvagens na Nova Guiné, Indonésia e Filipinas. A expansão do Islã levou a fruta ao Mediterrâneo, de onde ela foi difundida na África. Nos séculos 15 e 16, os portugueses já mantinham bananais na ilha da Madeira e na costa ocidental africana - berço da palavra "banana", hoje usada em muitas línguas. Das ilhas São Tomé e Príncipe foram trazidas as primeiras mudas para o Brasil, onde é hoje a segunda fruta mais produzida.

   Os principais animais domésticos e de exploração pecuária dos brasileiros, até hoje, são todos importados: cães, gatos, galinhas, patos, gansos, bicho-da-seda, coelhos, bovinos, jumentos, burros, cavalos, ovinos e caprinos. A introdução do gado levará à proliferação de rebanhos de gado selvagem e também de onças e pumas. Existem descrições espantosas do caso feitas por jesuítas, principalmente os padres Sepp e Montoya: "Os tigres que se criam por aquelas terras são incontáveis, assim como o é a multidão de gado vacum silvestre, que se acha a seu dispor".

    Os achados biológicos do Brasil, de uso imediato, foram bem menores. Mas revolucionaram a dieta alimentar dos povoadores, dos escravos africanos e de outros povos. Portugueses e espanhóis levaram a outros continentes o milho, a batata, o tomate, a mandioca, o cacau, o caju, o amendoim, o abacaxi e o tabaco. A pimenta vermelha, domesticada pelos ameríndios há mais de 6 mil anos, se espalhou pelo mundo. Está de tal forma associada à cozinha asiática que um coreano, indiano ou tailandês não podem imaginá-la como sendo um condimento exótico.

    A batata mudou a alimentação dos europeus. Seu sucesso foi tamanho, a ponto de mudar completamente os hábitos alimentares, principalmente nos países da Europa do Norte. A chegada na Europa, no fim da década de 1840, de uma praga americana da batata - um fungo - foi tão devastadora que causou a morte por inanição de milhares de pessoas. Levou os irlandeses a migrarem em massa para os Estados Unidos - ou seja, foi por causa da América Latina, da batata e de suas pragas que os Kennedys terminaram por governar, um dia, aquele país. Assim como trouxeram doenças, os ibéricos também levaram novas enfermidades da América e dos índios à Europa e ao mundo, principalmente a sífilis.

    Hoje, a dieta do brasileiro se baseia em feijão, arroz, saladas, ovos, frango, macarrão, pão, biscoitos, carne bovina e suína. Todos produtos de origem exótica, introduzidos pelos portugueses. Entre as frutas mais consumidas estão laranjas e bananas, também introduzidas. Nas exportações brasileiras, destacam-se vegetais e animais importados pelos povoadores ou pelo comércio que estabeleceram e lhes sucedeu: açúcar, álcool, suco de laranja, algodão, café, soja, carne bovina, suína e de frango. Todos exóticos.

    Turistas têm o sentimento de usufruírem da vegetação tropical brasileira, extasiados diante da "natureza". Na realidade, desfrutam de uma paisagem criada pelo homem. Um exemplo é a narrativa do príncipe Maximiano de Wied Neuwied. Ele esteve no Brasil de 1815 a 1817 e fez a seguinte descrição: "O europeu, transplantado pela primeira vez para esse país equatorial, sente-se arrebatado pela beleza das produções naturais. As mais belas árvores crescem em todos os jardins; vêem-se aí mangueiras colossais, que dão uma sombra densa e um excelente fruto, os coqueiros de estipe alto e esguio, as bananeiras (...) e grande número de outras espalhadas por jardins. Esses soberbos vegetais tornam os passeios agradáveis; os bosques, que formam, oferecem à admiração dos estrangeiros..." Todos vegetais citados são exóticos. Estavam incorporados de tal forma à paisagem que pareciam compor, naturalmente, a identidade do Rio de Janeiro.

 Por Evaristo Eduardo de Miranda


  • Os alunos verificarão que apenas as duas últimas são nativas do nosso território. As bananeiras vieram da África, as mangueiras e jaqueiras, da Índia, e os coqueiros foram trazidos do litoral do Índico, depois de aclimatados nas ilhas de Cabo Verde. Paralelamente, muitos produtos americanos como milho, mandioca, tomate, tabaco, pimenta vermelha e cacau se difundiram pelo mundo. Encomende a elaboração de um mapa desse intercâmbio entre a América e os demais continentes, assinalando os principais produtos trazidos para cá e aqueles enviados para fora. 

3 - Que tal propor um exercício de redação? Destaque no texto a descrição que o cronista Pero de Magalhães Gandavo faz do caju. A seguir divida a classe em três grupos e encarregue cada um deles de escolher em segredo uma fruta e de descrevê-la, como se ela fosse vista pela primeira vez. No final, pela descrição do grupo, os demais alunos devem identificar a fruta selecionada. 

4 - Sugira que os alunos comparem, com base nas informações da revista, a destruição ambiental realizada pelos indígenas antes da colonização e pelos descendentes de europeus, desde o século XVI. Faça-os perceber que a exploração do território pelos luso-brasileiros com vistas ao mercado externo intensificou a derrubada da mata no litoral nordestino, substituída pelos canaviais, e aprofundaram práticas nocivas já existentes como as queimadas. 

2ª aula 

1 - Solicite que os jovens leiam o quadro "Brasileira naturalizada" deste plano de aula e executem a atividade nele prevista. Vai ser fácil identificar a origem de alguns ingredientes, como o azeite-de-dendê da cozinha baiana, proveniente da África. Outros vão exigir pesquisas mais aprofundadas. Lembre que o intercâmbio sempre teve mão dupla. Por exemplo, o caruru de Angola, além do quiabo e da abóbora de origem africana, contém tomate e mandioca, vegetais americanos. 

Brasileira naturalizada 


Examine com seus colegas os ingredientes de uma feijoada bem brasileira. Vocês vão perceber que apenas a farinha de mandioca tem origem local. Depois, façam o mesmo com outros pratos da culinária nacional. 

INGREDIENTES DA FEIJOADA
Laranja 
Trazida de Portugal, incorporou-se à feijoada brasileira mas está ausente nos outros países que fazem o prato.

Arroz 
Cereal de origem indiana, foi difundido pelos árabes na Europa durante a Idade Média e chegou ao Brasil no primeiro século da colonização. 

Couve 
Legume vindo de Portugal, está presente em vários pratos nacionais, com destaque para os da cozinha mineira. 

Carne de porco 
Os porcos e outros animais de criação chegaram ao Brasil com os colonizadores. E logo foram incorporados ao cardápio nativo. 

Carne-seca 
Originária do Nordeste brasileiro era colocada para secar ao sol em grandes postas. 

Feijão Trazido pelos lusitanos e popularizado por tropeiros, o feijão temperado com alho, toucinho e sal tornou-se a base da nossa cozinha. 

Mandioca A farinha de mandioca chegou a ser chamada de pão da terra e é muito consumida até hoje. Constitui-se na principal contribuição indígena à culinária brasileira.

Interdisciplinaridade com Ciências/Biologia:  

# Pesquisar as propriedades nutricionais de cada ingrediente (proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais) com suas respectivas funções no organismo humano.

# Elaborar um cartaz coletivo com a Receita da Feijoada, contendo imagens, curiosidades e a pesquisa nutricional dos ingredientes.


2 - Pergunte aos estudantes se algum deles já sentiu dificuldade para se adaptar a determinados pratos ou hábitos alimentares. Com base nas respostas, peça que examinem a seguinte questão: a imposição culinária seria uma forma de dominação? Ela continua existindo? Essa atividade pode ajudá-los a compreender melhor as dificuldades que enfrentaram, no Brasil, os africanos escravizados e os imigrantes europeus e asiáticos. 


3 - Leve os alunos a refletir sobre a prática cultural da alimentação. Coloque em discussão os seguintes itens: Quais são as preferências de nosso paladar? Que tabus alimentares temos? Que influências estariam determinando nosso cardápio e os rituais de alimentação? Qual é a origem étnica dos nossos pratos? Que fatores geográficos e culturais determinaram a eleição dos diferentes pratos típicos? Quais são as receitas familiares utilizadas em nossas casas? Até que ponto a indústria e a mídia influenciam nossas escolhas? 

  • Para orientar o debate, conte que, em termos da seleção dos alimentos, do preparo e dos temperos, a culinária nacional soma influências do índio, do português e do negro. No século XIX, quando imigrantes europeus de várias origens começaram a chegar ao Brasil, já existia um paladar bem brasileiro, desenvolvido a partir dessas três contribuições. O tropeiro, ao mesmo tempo comerciante e difusor cultural, teve um papel importante na manifestação desse sabor. Por onde passou com suas tropas de mulas, ele introduziu o gosto pelo feijão, temperado com alho, cebola, toucinho e sal, misturado com farinha de mandioca ou de milho. Assim, além de contribuir para a integração econômica das várias capitanias, o tropeiro representou o elemento unificador da dieta básica do século XVIII. Desse fundamento comum, surgiram as cozinhas regionais. Depois, no século XIX, ocorreram a europeização da culinária, com a vinda da corte lusa para o Brasil, e a difusão de novos hábitos trazidos pelos imigrantes. Hoje, os enlatados e o fast-food refletem a industrialização que muda as técnicas de cultivo, colheita, embalagem, conservação, distribuição e preparo dos alimentos. 


4 - Como última atividade, encarregue a turma de elaborar um mapa culinário brasileiro, destacando os principais itens da cozinha de cada região e suas respectivas origens.