22 de setembro de 2013

O INFLUENZA DA TEMPORADA

Como são descobertas as linhagens do vírus que compõe as campanhas de vacinação

Por Rodrigo Mendes, professor de Biologia do Colégio Móbile — publicado na edição 78 da Revista Carta na Escola, de agosto de 2013
O corpo fica febril, a garganta dói e as crises de tosse são constantes. Ao que tudo indica, seu corpo foi tomado por vírus e você está gripado. Na maior parte das vezes, o seu corpo consegue destruir a legião de vírus que invadiu suas células e, nelas, se reproduz.

No entanto, em alguns casos, seu sistema imunológico pode não estar preparado para se defender e o que poderia ser uma simples gripe passa a ser uma das causas de óbito do indivíduo.

Na dúvida, como sugere o médico Rogério Tuma no texto “Vacina para a gripe vale a pena?”, publicado originalmente em Carta Capital, o mais recomendado é deixar seu corpo preparado para evitar uma invasão de influenza, o vírus responsável pela gripe.

A vacina da gripe não combate o vírus diretamente. Inclusive, ela é formada por pedaços do vírus que são reconhecidos por nosso sistema imunológico antes de uma possível contaminação. Caso isso venha a acontecer, nosso organismo já tem um sistema de defesa que reconheceria essas partes do invasor.

Duas proteínas externas ao influenza são, geralmente, reconhecidas pelo nosso sistema imunológico e, por isso, são importantes constituintes de vacinas contra a gripe. Hemaglutininas e neuroaminidases são essas proteínas virais, com importância para a entrada e a saída dos vírus nas células do hospedeiro.

Existem diversos tipos de hemaglutininas e neuroaminidases entre os vírus influenza que contaminam seres humanos e outras espécies animais, como porcos e aves. O vírus mais temido nessa temporada de gripe no Brasil foi o H1N1, o da gripe A. Ele possui hemaglutininas do tipo 1 (H1) e neuroaminidases do tipo 1 (N1).

As três maiores pandemias de gripe ocorridas no século XX foram causadas pelo vírus influenza H1N1 – causador da gripe espanhola, em 1918; H2N2 – causador da gripe asiática, em 1957; e H3N2 – causador da gripe de Hong Kong, em 1968.

Caça ao vírus

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reúne, em dois encontros anuais, pesquisadores que analisam os dados de saúde de diferentes países e decidem quais são as linhagens do influenza que estão em grande circulação pelo planeta e que devem compor a vacina da próxima estação de gripe. Esses encontros ocorrem antes do inverno de cada hemisfério do planeta.

A partir dessa decisão, a indústria farmacêutica passa a produzir grandes quantidades de vacinas contra algumas das linhagens do vírus. A campanha nacional de vacinação que ocorreu em abril de 2013, por exemplo, imunizou parte da população brasileira contra o influenza A (H1N1 e H3N2) e o influenza B.

Nessa campanha, mais de 40 milhões de doses da vacina foram distribuídas para atender aos doentes crônicos, idosos com 60 anos ou mais, crianças de 6 meses a 2 anos, gestantes e mulheres no período até 45 dias depois do parto, indígenas, presidiários e profissionais de saúde.

A definição desses grupos é uma sugestão da Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem como base, grupos mais susceptíveis a complicações decorrentes da gripe. Pesquisas mostram que a vacinação pode reduzir a mortalidade de idosos, por exemplo, em 68% dos casos. E ainda tem gente com dúvidas sobre a pertinência da vacinação!

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