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26 de agosto de 2013

CONSUMO HUMANO EXCEDEU ORÇAMENTO PLANETÁRIO 2013

     Em pouco mais de oito meses, utilizamos todos os recursos naturais que o nosso planeta consegue regenerar durante o ano de 2013.
    Em 20 de agosto de 2013, a humanidade esgotou o orçamento da natureza para este ano e começou a operar no vermelho. Os dados são da Global Footprint Network – GFN (Rede Global  Pegada Ecológica), instituição internacional que gera conhecimento sobre sustentabilidade e tem escritórios na Califórnia (EUA), Europa e Japão, e é parceira da rede WWF.

    O Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day) é a data aproximada em que a demanda anual da humanidade sobre a natureza ultrapassa a capacidade de renovação possível do planeta no período de um ano.


     Para chegar a esse dia, a GFN faz o rastreamento do que a humanidade demanda em termos de recursos ecológicos do planeta (tal como alimentos, matérias primas e absorção de gás carbônico) — ou seja, a Pegada Ecológica – e compara com a capacidade de reposição desses recursos pela natureza e de absorção de resíduos. Os dados da GFN demonstram que, em pouco mais de oito meses, utilizamos todos os recursos naturais que o nosso planeta consegue regenerar durante o ano de 2013.
     O restante do ano corresponde ao que ficou descoberto em nossa conta. Esse nosso déficit ecológico continuará, devido à dilapidação dos estoques pesqueiros, das árvores e outros recursos naturais, bem como o C2 jogado na atmosfera.
     À medida que aumenta nosso nível de consumo ou de “gastos”, os juros que pagamos sobre esse crescente débito ecológico – redução de florestas, perda da biodiversidade, colapso dos recursos pesqueiros, escassez de alimentos, diminuição da produtividade do solo e acúmulo de gás carbônico na atmosfera – não apenas sobrecarregam o meio ambiente como também debilitam nossa economia.

     As mudanças climáticas -- decorrentes da emissão de gases de efeito estufa em ritmo mais rápido do que sua absorção pelas florestas e oceanos – são o maior impacto desse consumo excessivo.

      Em 1961, a humanidade utilizou somente cerca de dois terços dos recursos ecológicos disponíveis no planeta. Naquela época, a maior parte dos países possuía reservas ecológicas. No entanto, a demanda global, assim como a população mundial, estão em ascensão. No início da década de setenta (1970), o crescimento das emissões de carbono e da demanda humana por recursos naturais começou a ultrapassar a capacidade de produção renovável do planeta. Essa condição é conhecida como Ecological overshoot. E entramos no vermelho ecológico.
     "O enfrentamento de tais restrições impacta diretamente as pessoas. As populações de baixa renda têm dificuldade em competir por recursos com o restante do mundo," afirma Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network e co-criador da Pegada Ecológica, uma medida para contabilizar o uso de recursos naturais.
Preparar para o futuro:

     A contabilidade da Pegada Nacional de 2012 feita pela GFN demonstra que, no ritmo em que a humanidade utiliza os recursos e serviços ecológicos hoje, precisaríamos de um planeta e meio (1,5) para renová-los. Se continuarmos nesse ritmo, vamos precisar de dois planetas antes de chegar à metade do século.
    A Pegada Ecológica total da China é a maior do mundo, principalmente devido a sua grande população. A Pegada por pessoa da China é muito menor do que aquela dos países da Europa ou da América do Norte; nos últimos sete anos, entretanto, a China ultrapassou os recursos disponíveis por pessoa no mundo todo.
      Na realidade, se todos vivessem como um típico habitante da China, seria preciso dispor de 1,2 planeta para prover a população mundial. A demanda por pessoa de outros países sobre os ecossistemas do planeta é mais elevada ainda: se todos vivessem como quem reside nos Estados Unidos, seria preciso dispor de quatro planetas para prover a população mundial. No Catar (um dos Emirados Árabes), o típico morador demanda recursos de seis planetas e meio (6,5).
    Segundo tendências atuais, os recursos disponíveis já não conseguem atender as necessidades da população do planeta, que está em 7 bilhões de pessoas e continua crescendo. Cerca de 2 bilhões de pessoas não têm acesso aos recursos necessários para satisfazer suas necessidades básicas.
    Hoje, mais de 80% da população mundial vive em países que utilizam mais do que seus próprios ecossistemas conseguem renovar. Esses países “devedores ecológicos” esgotam seus próprios recursos ecológicos ou os obtêm de outros lugares.
     Os devedores ecológicos utilizam mais do que possuem dentro de suas próprias fronteiras. Os moradores do Japão consomem os recursos ecológicos equivalentes a 7,1 Japões.  Seriam necessárias três Itálias para prover a Itália. O Egito utiliza os recursos ecológicos de 2,4 Egitos. Nos países devedores destacados no primeiro infográfico, a seguir.

      Nem todos os países demandam mais do que seus ecossistemas são capazes de prover. Mas até mesmo as reservas de tais “credores ecológicos”, como o Brasil, diminuem com o tempo. O Brasil possui a maior reserva ecológica; no entanto, ela diminui constantemente. A Austrália também perde rapidamente sua reserva. À medida que suas reservas se reduzem, Madagascar e Indonésia enfrentam enorme perda de biodiversidade, o que também acontece em outros países apresentados no segundo infográfico. Esse infográfico abaixo revela as reservas e as tendências de Pegada Ecológica per capita. Não podemos mais manter essa discrepância orçamentária que se alarga entre o que a natureza é capaz de prover e as demandas de nossa infraestrutura, economia e estilo de vida.


     "A América Latina e, mais especificamente, a América do Sul está numa posição única no contexto mundial, já que suas reservas ecológicas ainda superam sua Pegada Ecológica na maior parte dessa região”, afirma Juan Carlos Morales, Diretor Regional para a América Latina da Global Footprint Network. "No entanto, esse padrão está mudando e agora, mais do que nunca, os países da América do Sul precisam realmente compreender a produção e o consumo e seus recursos naturais para continuarem competitivos na nova economia,” concluiu Morales.
Pegada Ecológica:

     Com o objetivo de ampliar o debate sobre o consumo e equilíbrio ambiental, o WWF-Brasil iniciou em 2010 um trabalho pioneiro no Brasil, em parceria com a GFN, prefeitura de Campo Grande (MS) e parceiros locais. Realizou o cálculo da Pegada Ecológica da capital sul-mato-grossense, primeira cidade brasileira a fazer esse cálculo. Em 2011, realizou o cálculo para o estado e para a capital São Paulo.
     De acordo com a Secretária Geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, cidadãos e governos têm papel fundamental na redução dos impactos do consumo sobre os recursos naturais do planeta. "Políticas públicas voltadas para esse fim, como a oferta de um transporte público de qualidade e menos poluente, construção de ciclovias, e o estímulo ao consumo responsável, por exemplo, são essenciais para reduzir a Pegada Ecológica. E este é um papel dos governos",  ressalta.  Já os cidadãos, na opinião de Maria Cecília,  devem cobrar dos governos e dos políticos a criação e aplicação de politicas deste tipo. "Mas enquanto elas não existem, nós podemos fazer nossas escolhas lembrando que nosso planeta é finito, como é a nossa conta no banco", salienta.
     Em Campo Grande, as ações de mitigação para ajudar a reduzir a Pegada Ecológica estão em curso e o estudo de São Paulo, lançado em 2012, durante a Rio+20, ainda carece de uma ação concreta dos poderes estadual e municipal.  "O cálculo traz informações importantes que ajudam no planejamento da gestão ambiental das cidades com o direcionamento das políticas públicas de forma a reduzir esses impactos" afirma o superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Michael Becker, responsável pela condução dos estudos, pelo WWF-Brasil.

25 de fevereiro de 2013

A INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS É SEMPRE NOCIVA À NATUREZA?

    Espécies exóticas, não nativas ou introduzidas são aquelas que vivem fora da sua distribuição natural, em locais onde seria impossível encontrá-las sem a interferência humana. Praticamente todos os ecossistemas com os quais o homem mantém contato regular contêm seres vivos que foram transportados por ele. Uma espécie passa a ser considerada nociva (também chamada de peste e praga) quando causa um desequilíbrio no meio ambiente, prejudica a saúde humana ou leva a perdas econômicas. Um exemplo de espécie invasora que causou danos econômicos e ambientais é o do mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), que chegou ao Brasil em navios vindos da Ásia. Ele foi identificado no Rio Grande do Sul, mas, após se transportar por diversos rios, já foi visto no Pantanal. O animal representa uma ameaça aos ecossistemas aquáticos e vem causando entupimento em tubulações de usinas hidrelétricas. Outro exemplo é o do caramujo-africano (Achatina fulica), molusco terrestre que foi introduzido no Brasil nos anos 1980 para consumo humano. Como a atividade não se mostrou lucrativa, os criadouros fecharam. Os animais foram descartados vivos e se multiplicaram rapidamente, invadindo vários tipos de ecossistema. Atualmente, esse caramujo já tem ocorrência registrada em todo o território brasileiro. Por devorarem folhas, flores e frutos de plantas de importância agrícola, ornamental e ecológica, causam estragos incalculáveis. Por lei, a introdução de espécies deve seguir a regulamentações do Ministério da Agricultura e de outros órgãos.

MEXILHÃO-DOURADO (à esq.) Da Ásia para o Pantanal, entupindo tubulações em hidrelétricas CARAMUJO-AFRICANO Chegou ao Brasil para servir de alimento, mas virou praga.

Fonte: www.revistaescola.abril.com.br